AS “PROFECIAS” MAYAS E O SUPOSTO FIM DO MUNDO EM 21 DEZEMBRO 2012


Os sumérios, egípcios, hindus, chineses e os próprios mayas mediam os ciclos de energias cósmicas (incluindo a solar e a lunar) que transformam os campos de energia da Terra e, consequentemente, a vida planetária. Estamos, presentemente, num desses ciclos e, segundo o Calendário Maya, o ponto crítico de mudança é em 2012. Estes ciclos de energia actuam como portais que se abrem para aqueles que estão preparados para alcançarem estados mais elevados de consciência. Se essa oportunidade não for aproveitada, ter-se-á de começar um novo ciclo até à abertura de um novo portal.
A primeira notícia que se tem dos mayas data do ano 600 a.C., tempo em que há registos de simbologias esculpidas em pedras. O seu florescimento ocorreu entre os séculos II e IX da nossa Era. Sendo uma das mais antigas civilizações pré-colombianas, foram exímios na arte, arquitectura e astronomia, tendo-se revelado mestres na construção de cidades esplendorosas com os seus respectivos locais de culto, templos e pirâmides. A sua civilização estendeu-se pelas planícies da Península do Yucatán, onde hoje fica o México, por quase toda a Guatemala, parte ocidental das Honduras, Belize e regiões limítrofes, tendo constituído uma das mais complexas e influentes culturas da mesoamérica.
Na mesma altura em que a Europa mergulhava na Idade das Trevas, os habitantes da mesoamérica estudavam astronomia e astrologia. Para tal tinham dois calendários – o Haab e oTzolkin – e um sofisticado sistema de escrita hieroglífica (os glifos mayas).
Por volta do ano 900, o antigo império Maya começou a sofrer um declínio de população, e os seus sumptuosos centros urbanos foram abandonados por motivos ainda hoje misteriosos.
Os mayas clássicos eram um povo com motivações culturais e espirituais diferentes das nossas. Onde os modernos cientistas detectaram experimentalmente os efeitos físicos das radiações de densidade que varrem toda a Via Láctea, os mayas procuravam detectar experimentalmente radiações de diferentes forças que influenciavam não só o nascimento e a actividade das estrelas, como também o nascimento e a actividade das ideias. Portanto, enquanto os cientistas modernos desenvolveram um modo de consciência que lhes permite expressar os efeitos físicos dessas radiações, os mayas desenvolveram uma consciência que lhes possibilitava expressar os efeitos psíquicos dessas mesmas radiações.
O declínio da civilização maya, cujas cidades monumentais foram inexplicavelmente abandonadas no século IX, como dissemos atrás, poderá ter alguma relação com o facto do campo magnético solar e as manchas solares se terem invertido precisamente nessa época. O fenómeno provocou infertilidade e mutações genéticas na Terra e teve efeitos mais severos nas regiões equatoriais. Além das deformações genéticas e da alteração na fertilidade feminina, as actividades das manchas solares também podem ter causado uma grande seca na região dos mayas, provocada pela redução do volume de água evaporada dos mares.
Segundo cálculos efectuados pela Ciência, o ciclo de manchas solares é de 68.302 dias, e após 20 ciclos (20 x 68.302= 1.366.040 dias) o campo magnético solar sofre uma inclinação. A Terra tenta alinhar o seu eixo magnético com o do Sol e também se inclina – o que pode causar catástrofes de dimensões gigantescas no nosso planeta.
A mudança de direcção do campo magnético solar, que acontece cinco vezes em cada ciclo cósmico, é o que, para muitos, abalará o eixo da Terra, que ficará sujeita a terramotos, enchentes, incêndios e erupções vulcânicas. O próximo fim de ciclo ocorrerá em 2012 (Era do Jaguar).
Começamos, agora, a entender que a chamada adoração ao Sol, tal como é atribuída aos antigos mayas, era, na realidade, o reconhecimento de que o Sol lhes transmitia muito mais do que luz e calor.
Durante o período de conquista e ocupação espanhola, muitos dos documentos dos nativos pré-colombianos foram destruídos. Contudo, foram preservados alguns raros e preciosos manuscritos. O mais importante desses manuscritos salvos da destruição é o Códice de Dresden. Escrito em glifos, foi descodificado na Alemanha em 1880, tornando-se assim possível aos investigadores traduzir muitas inscrições encontradas nos vetustos templos mayas.
Descobriu-se, então, que o Códice de Dresden apresentava profundos conhecimentos astronómicos, com tabelas pormenorizadas dos eclipses da Lua, entre outros fenómenos. Foi também aí encontrada a evidência de dois ciclos anuais usados pelos mayas:
·      O calendário sagrado Tzolkin de 260 dias (venusiano), igualmente chamado relógio cósmico;
·      E o calendário Haab, de 365 dias (solar), baseado nos ciclos da Terra.
Constatou-se, ainda, que os mayas tinham um outro sistema de contagem de dias, chamado “Nascimento de Vénus”. Este calendário era dividido em meses (uinals) de 20 dias; e em anos (tuns) de 360 dias; e ainda em longos períodos de 7.200 dias (katun), de 144.000 dias (baktun) e de 2.880.000 dias (Pictun). Também se veio a saber que o número 13 era magicamente importante para eles, pois acreditavam que, com o nascimento de Vénus após 13 baktuns (aproximadamente 5.125 anos), chegar-se-ia ao final dos tempos (fim de um ciclo). Para os mayas, a era actual começou em 13 de Agosto de 3.113 a.C. e deverá terminar, sensivelmente, a 21 de Dezembro de 2012, quando Vénus desaparecer por detrás do horizonte ocidental, altura em que a constelação das Plêiades “nascerá” a Oriente..
Segundo o calendário maya, o Sistema Solar está em órbita em relação ao centro da Via Láctea. Esta órbita tem um ciclo de 25.625 anos, divididos em 5 fases de 5.125 anos. A razão para esta divisão é que a cada 5.125 anos acontece o chamado “pulso cósmico”, quando as ondas de energia emanam do centro da galáxia em todas as direcções, atingindo também o Sol e influenciando o seu comportamento como o dos planetas em sua órbita. No momento presente estamos a viver um “pulso cósmico” que se iniciou em 1992 e deverá terminar em 2012 (duração de 20 anos).
Nestes períodos de pulso cósmico são comuns as tempestades solares que afectam os pólos e as linhas magnéticas da Terra, causando diversas anomalias no comportamento planetário e no dos seus habitantes.
A intensidade das linhas magnéticas que cruzam o planeta de norte a sul diminui, provocando a desorientação dos animais migratórios que se orientam pelos veios magnéticos da Terra. Por sua vez, os pólos magnéticos tornam-se instáveis, com repercussões nos instrumentos electrónicos de navegação aérea e marítima.
Essa alteração do fluxo magnético planetário também tem uma influência notória sobre o comportamento humano. Quando submetido a forças magnéticas de menor intensidade, o homem tende a sintonizar-se com o inconsciente colectivo[1], abrindo caminho para a depressão, a insanidade, a intolerância e a incompreensão.
Para sobreviver aos períodos de pulsos cósmicos, o homem deve sobrepor-se ao inconsciente colectivo através da meditação e da espiritualização, procurando um rumo para a sua vida que contemple acções comunitárias e filantrópicas e uma interiorização que o leve a ser dono e senhor dos seus pensamentos e actos e não arrastado pelas circunstâncias. Desta forma tornar-se-á um importante obreiro do Bem no combate à ignorância colectiva e às paixões inferiores da multidão. E, assim, contribuirá para inviabilizar o plano dos Senhores das Trevas de instaurarem a escravatura global num mundo de ateísmo e miséria.
Como já vimos anteriormente, o Zodíaco está dividido em doze signos, de 2.160 anos cada um, chamados Era. Presentemente, estamos no período de transição entre as eras de Peixes e de Aquário, chamado Vértice, que tem uma duração de 200 anos, incluindo o último século da Era que findou e o primeiro da nova Era. A nova Era, a de Aquário, será marcada pelo culto universal do Espírito Santo e da Mãe Divina.
Os mayas sabiam que o nosso Sol, Kinich Ahau, é um ser vivo que respira e que, ciclicamente (a cada 5.125 anos), a Terra vê-se afectada pelas mudanças do Astro-Rei mediante o deslocamento do seu eixo de rotação. Previram que a partir desse movimento haveria grandes desastres.
Com base nas suas observações, concluíram que a partir da data inicial da sua civilização, desde o 4º Ahua, 8º Cumku, 3.113 a.C. ou seja, no ano 2012 d.C. (3.113+2.012=5.125), o Sol mudará a sua polaridade, o que irá provocar grandes convulsões na Terra, que darão início a uma nova Era.
Os mayas asseguravam que a sua civilização era a 5ª iluminada pelo Sol. Antes haviam existido outras quatro civilizações que foram destruídas por grandes cataclismos naturais. Entendiam que cada civilização é apenas um degrau para a evolução da consciência colectiva da humanidade. Segundo eles, no último grande cataclismo, a civilização[2] foi destruída por uma grande inundação (Dilúvio), que deixou apenas alguns sobreviventes, de quem eles eram os descendentes.
Alguns autores, na sua grande maioria sensacionalistas, afirmam que esta portentosa civilização pré-colombiana da mesoamérica terá deixado para o futuro uma mensagem escrita na pedra contendo 7 profecias, sendo uma parte de advertência e outra de esperança. A primeira, segundo eles, profetiza o que irá acontecer nos próximos tempos e a segunda fala sobre as mudanças que devemos realizar, sobretudo no nosso interior, a fim de impulsionarmos a humanidade, quer individual quer colectivamente, para a nova era que se avizinha.
Facto indesmentível é que todos nos apercebemos de que mudanças profundas estão a acontecer e pressentimos que algo mais grave ainda está para vir. É a ameaça constante de guerra, são os índices alarmantes de poluição, é a devastação dos recursos naturais, é o buraco de ozono, são as alterações climatéricas, o derretimento das calotas polares, as grandes inundações e os tsumanis, a intensidade e a imprevisibilidade de tornados e furacões, para não falarmos do aumento considerável da fome e da pobreza no mundo, acompanhadas pelo caos económico a nível global, a inversão de valores, a falta de ética e de moral, a mentira, a ausência de escrúpulos, a corrupção, as desigualdades crescentes, a injustiça… A maioria dos livros sagrados das diferentes religiões relatam profecias que têm, directa ou indirectamente, a ver com estes tempos conturbados e “apocalípticos”.
Os mayas, grandes matemáticos, astrónomos e astrólogos, previram, nos seus cálculos, que o seu calendário terminaria em 2012 da era cristã. Mas, como veremos mais adiante, trata-se apenas do final de um ciclo histórico e não de uma profecia, já que os mayas não fizeram profecias sobre o ano 2012.

in "Eduardo Amarante, "Profecias - Da interpretação do Fim do Mundo à vinda do Anticristo"


[1] A chamada alma grupal dos teósofos.
[2] Sedeada no continente Aztlán, no meio do Atlântico.

A ORDEM DO TEMPLO E OS INICIADOS MUÇULMANOS


A enigmática Ordem dos Irmãos do Oriente, fundada nos inícios da segunda metade do século XI por um escritor e homem de Estado bizantino, Michel Psellos, estava profundamente impregnada de doutrinas herméticas, neopitagóricas e neoplatónicas. Após a morte de Psellos, um iniciado ter-lhe-ia sucedido, cujo patrónimo era Melquisedeque, o mesmo nome do rei de Salem, do “rei de justiça” de que fala a Bíblia (*). 


Segundo tudo indica, Hugo de Payns e Hugo de Champagne ter-se-ão encontrado com este iniciado durante a sua estada em Bizâncio (Constantinopla).
Note-se que outros contactos dos cavaleiros fundadores da Ordem do Templo com sociedades secretas haviam tido lugar noutras ocasiões.

(*) A título de curiosidade, referimos que Melquisedeque encontra-se representado num painel da Igreja de S. João Baptista, em Tomar, ao lado de Abraão.

In Eduardo Amarante, “Templários”, Vol. 3

SAGRES, A ESCOLA DA CRUZADA MARÍTIMA


"O cabo de S. Vicente/Sagres tornou-se o refúgio do Infante, e uma casa modesta na aldeia da Raposeira, a pouca distância dali, era o local aonde se dirigia para estudar e meditar.

Heródoto, há mais de dois mil anos, escreveu que:

“O mar para além das colunas de Hércules que se chama o Atlântico, e o Eritreu são todos um e o mesmo mar… Quanto à Líbia, sabemos que é banhada por todos os lados pelo mar, excepto naquele em que liga à Ásia.”

Foi de Sagres que partiram as primeiras naus dos Descobrimentos. Não terá aí existido uma Escola de navegação no seu sentido mais científico, mas antes um centro de reunião onde se estudava matemática, geografia, astronomia e ciências naturais. Aí eram estudados e analisados todos os conhecimentos e informações que se mostrassem proveitosos para a prossecução das viagens marítimas. Por outro lado, as experiências colhidas nas diversas fases da navegação marítima, bem como as explorações efectuadas no interior das terras africanas onde se descobriram novas condições de vida e uma flora e fauna exóticas, eram observadas cientificamente em Sagres. Também foi ali que existiu o primeiro observatório astronómico português.

O Infante faleceu em Novembro de 1460, não chegando a assistir ao triunfo da sua cruzada. Porém, anteviu como Portugal se iria tornar a maior potência marítima do Globo. Entre o lançamento oficial da epopeia marítima e a realização plena do objectivo decorreriam oitenta anos. Só em 1498 é que o cavaleiro-iniciado Vasco da Gama conseguiria chegar por via marítima à Índia." 



in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS", Vol. 3 - A perseguição e a política de sigilo de Portugal: A missão marítima

OS TEMPLÁRIOS, A REENCARNAÇÃO E O CULTO JOANINO


Os templários seguiam o culto de S. João; eram joanitas, no sentido mais profundo do termo. Aliás, tudo neles o indica, desde o selo da Ordem expressando a natureza dupla, em que dois irmãos montam o mesmo cavalo, até às metades branca e negra do Baussant ou gonfalão, opondo a luz à obscuridade.

Tudo isto demonstra que os cavaleiros do Templo não eram apenas simples monges-guerreiros ao serviço de um Papa representando uma certa cristandade, afastada, por sinal, da mensagem mais interna ou esotérica do seu fundador.

Esta verdadeira gnose cristã defendia a crença na transmigração das almas (reencarnação), seguida pelos primeiros cristãos e por alguns Padres da Igreja, tais como S. Clemente de Alexandria, que escreveu:
“A Reencarnação é uma verdade transmitida oralmente e autorizada por S. Paulo.”

E por Orígenes, que disse:
“Quanto a saber por que é que a alma humana obedece tanto ao bem como ao mal, é preciso procurar a causa num nascimento anterior.”

Dos ensinamentos de Jesus Cristo brotaram duas Igrejas: uma que conhecemos e outra que ignoramos. Em cada uma delas encontramos os traços marcantes dos apóstolos que as edificaram. A primeira foi erguida à imagem de Pedro, espírito recto e simples, ingénuo e limitado, mas capaz de dirigir os outros.

A Igreja de João é a herdeira da Igreja de Melquisedech ou Melquisedeque, a Igreja dos que recusam as trevas e procuram a luz da Sabedoria e da Verdade. João, discípulo predilecto de Cristo, foi o único capaz de compreender a sua doutrina esotérica e de revelá-la no seu Evangelho e no seu Apocalipse, explicando através de um simbolismo alegórico os mistérios do Universo e do Ser: a sua evolução e a sua transformação, sujeitas às leis cósmicas. Ora, era esta a Igreja perfilhada pelos templários. 




in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS", Vol. 3 - A perseguição e a política de sigilo de Portugal: A missão marítima

A PUREZA DO CULTO DO ESPÍRITO SANTO


"O único 'barco salva-vidas' que hoje existe no cristianismo é o culto do Espírito Santo. Este culto existe desde o início da cristandade e sobreviveu, apesar dos ferozes ataques de muitas organizações diferentes, mantendo dentro de si grande parte das bases do cristianismo autêntico inicial.

Ao contrário das grandes organizações religiosas cristãs, o culto do Espírito Santo não possui organização eclesiástica e, por isso, não existe a possibilidade de alguém mal-intencionado usurpar um lugar nesta organização, porque a “organização” não tem organização. Trata-se de um culto espontâneo de pessoas convictas na sua acção cristã que sentem alegria em ajudar sem pedir nada em troca. O culto do Espírito Santo baseia-se na tolerância e na ajuda, que são os dois elementos mais básicos de todas as religiões."

in Rainer Daehnhardt, "Ser Português - uma honra, um privilégio merecido ou um acaso assumido?"

A POLÍTICA DE SIGILO DA ORDEM DE CRISTO


"A presença templária em Sagres e as reuniões secretas tidas com o Infante no convento de Cristo (2a província templária no mundo) dão um indubitável cunho “secreto” à epopeia marítima lusíada. O conhecimento da cartografia antiga e o método científico praticado pelo Infante e seus sucessores demonstram inequivocamente que todos eles sabiam muito bem onde, como e quando queriam chegar.

Enquanto o segredo sobre dados marítimos esteve sob a sua alçada, a estrutura secreta da Ordem garantiu a exclusividade para os portugueses. Em Tomar e em Lagos, os navegadores progrediam na hierarquia somente após a sua lealdade ser comprovada, quando confrontados na acção. Só então é que eles podiam ter acesso aos relatórios reservados de pilotos que já haviam percorrido regiões desconhecidas e ver tão preciosos quão secretos instrumentos como as tábuas de declinação magnética, que permitiam calcular a diferença entre o pólo norte verdadeiro e o pólo norte magnético, que aparecia nas bússolas. E, à medida que as conquistas progrediam no Atlântico, eram feitos novos mapas de navegação astronómica, que permitiam a orientação pelas estrelas do hemisfério sul, a que também só os iniciados tinham acesso." 



in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS", Vol. 3 - A perseguição e a política de sigilo de Portugal: A missão marítima

A SUBVERSÃO DOS IDEAIS TEMPLÁRIOS


"D. João III decidiu reformar a Ordem de Cristo que deixou, a partir de então, de ser uma Ordem de cavalaria para se tornar uma Ordem monástica. Algo de muito importante foi então destruído, e esse algo era
 a cruzada pelos oceanos não só físicos, mas, sobretudo, espirituais.

Se recordarmos que a cruz da Ordem de Cristo apresenta, na sequência da sua congénere templária, uma forma quadrada de braços iguais a tocarem-se nas extremidades, veremos, porém, que a cruz desta nova Ordem se torna “elevada nos finais do século XVI e em pleno século XVII” (Cardoso Pinto). O que significa esta mudança? Este facto só por si pode muito bem representar a subversão dos ideais da Ordem de Cristo/Templários mediante a centralização do poder real e do estabelecimento da Inquisição, que levou à feitura de uma cruz elevada, parecida com a cruz de Santiago, traduzindo o dogma católico de uma “antropomorfização” da mesma." 



in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS", Vol. 3 - A perseguição e a política de sigilo de Portugal: A missão marítima

A ORDEM DE CISTER E OS TEMPLÁRIOS EM PORTUGAL


“Em nenhum outro país da Europa a Ordem de Cister exerceu uma tão inegável e duradoura influência como em Portugal.

Tarouca e Lafões contam-se entre os primeiros mosteiros cistercienses em Port

ugal. Seguiu-se-lhes Santa Maria de Alcobaça, que logo se tornou o mais importante mosteiro cisterciense no nosso território e um dos mais notáveis da Europa.

Aí os monges realizaram um trabalho muitíssimo importante, sem o qual os Templários não teriam a necessária retaguarda para o desempenho da sua missão de monges-guerreiros ao serviço de uma nação e de um projecto global: a união do Ocidente e Oriente em torno de um império espiritual.

Em Alcobaça, para além da sua importantíssima biblioteca, existiu, de facto, o que, com propriedade, poderemos chamar de primeiro centro de estudos superiores em Portugal, ou seja, Alcobaça foi a legítima precursora da Universidade Portuguesa. Para além da oração e do estudo, os monges cistercienses desenvolveram extraordinariamente a agricultura, dentro do perfeito espírito monástico do Ora et Labora, oração e trabalho, contemplação e acção." 



in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS, Vol. 2 - A génese de Portugal no plano peninsular e europeu"

A IMPORTÂNCIA DA ORDEM DE CISTER NO DESENVOLVIMENTO DE PORTUGAL


D. Afonso Henriques doou à Ordem de Cister ou a S. Bernardo extensos territórios na Estremadura (onde se inclui o mosteiro de Alcobaça), província que na altura estava deserta
 e constituía a fronteira entre cristãos e muçulmanos. Daí que S. Bernardo tratasse de encarregar Gualdim Pais, 4º grão-mestre templário em Portugal, de fazer uma cintura defensiva à volta dos bens da Ordem.

A Ordem de Cister foi fundamental para a colonização do território. A sua acção incidiu em:
• chamar, proteger e educar os colonos que formaram povoações;
• desbravar terras, abrir estradas e caminhos;
• construir pontes;
• comunicar com o mar que era uma forma de aproveitar a navegação;
• criar e aperfeiçoar as indústrias;
• explorar minas e os seus recursos;
• promover a criação de gado;
• lançar as bases de uma civilização.

Este papel era semelhante noutros mosteiros espalhados por outras localidades. Sob a protecção das Ordens militares colocaram-se colonos e cultivadores formando núcleos de população que, em alguns casos, se tornaram povoações importantes, como foi o caso de Tomar, muito graças à acção do mestre provincial dos Templários, Gualdim Pais.

Como forma de fixar a população, organizá-la e administrá-la em núcleos, D. Afonso Henriques concedeu foral a muitas terras, seguido pelas casas monásticas e pelos nobres donatários. 



in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS, Vol. 2 - A génese de Portugal no plano peninsular e europeu"

DIA DE TODOS OS SANTOS - CULTO DAS ALMAS E FINADOS


"Os povos antigos, à medida que se aproximava o solstício de Inverno, adoptaram o costume de acender fogueiras num apelo ao Sol oculto, fazendo-nos recordar que a morte invernal do astro-rei não era senão aparente (Sol Invictus). No dia 27 de Outubro, véspera da festa de S. Simão e S. Judas, fazem-se os magustos numa fogueira. Explica-se pela festa dos druidas, denominada Sam’hin ou Fogo da Paz. Diz Smith que: “...era nesta época que os druidas se reuniam no centro de cada região para pacificarem as desavenças entre os habitantes do país; desde a véspera apagavam-se todos os fogos que deviam ser renovados naquele que acendiam e que os druidas consagravam. Não se concedia fogo àquele que tinha perturbado a paz...”. Estes festejos correspondem às Antestérias, celebradas pelos dionisíacos em honra de Semele (mãe de Dionísio), no princípio de Novembro. A Igreja cristianizou os rituais dionisíacos, aproveitando destes o culto das almas na comemoração dos finados e impondo o São Martinho. Os “magustos” e outras refeições de castanhas que se fazem em Portugal nos dias de Finados e de Todos os Santos constituiriam reminiscências de sacrifícios ou cerimónias fúnebres rituais, que tinham lugar no dia consagrado aos mortos, e que consistiam em oferendas alimentares às almas dos familiares defuntos. O dia 11 de Novembro, de um modo geral, festeja-se com “magustos” de vinho (vinho novo ou jeropiga) e castanhas, na medida em que é um prolongamento das celebrações do Dia de Todos os Santos, podendo-se assim falar em “magustos dos santos” e “magustos de S. Martinho”. Na agregação social dos povos ários preponderou o tipo de família e, por isso, o culto mais antigo e geral é o dos mortos, conservando as suas formas ritualísticas. No povo persistem as práticas de veneração aos mortos, o que fez com que a Igreja convertesse os deuses Manes e os Penates nos fiéis defuntos. Nos costumes actuais, plantam-se nos cemitérios os ciprestes com sentido funerário, como no tempo dos romanos, em que se plantavam à porta das casas dos patrícios que estavam de luto. A árvore plantada sobre o túmulo simboliza a alma tornada imortal. Os nossos antepassados não tinham conceitos separados de vida e de morte; acreditavam que havia, sim, a passagem de um plano de existência para um outro plano. Essa passagem era assegurada pelo deus Hermes que, numa das suas facetas, era um deus psicopompo, isto é, condutor das almas, aquele que assegurava o percurso das almas, após a morte, para o Além. A morte era vista como uma passagem e não como um fim." - Eduardo Amarante

O SELO DO TEMPLO


O Mestre templário que, na realidade, tinha o qualificativo de Magister Humilis[1], reservava para seu uso pessoal o selo da “cúpula do Templo do Senhor”, sede da Ordem, enquanto o Visitador Cismarim[2] levava no seu a figura dos dois cavaleiros sobre a mesma montada[3].
O selo do Templo era circular e tinha representações em ambos os lados. No verso, a menção XRISTI DE TEMPLO rodeando a representação da famosa Cúpula da Roca, sede da Ordem, situada no local do antigo Templo de Salomão e posteriormente rebaptizada Templo do Senhor[4]. Na frente, a menção sigillvm militum a toda a volta do selo onde figuravam dois cavaleiros montados no mesmo cavalo. Qual o seu significado?[5].
Dando fé aos cronistas ingleses, pretendeu-se ver nele o símbolo da pobreza inicial da Ordem, explicação que parece ser mais simbólica do que verosímil. Não esqueçamos que eram cavaleiros que deveriam ter algumas posses e que, inclusivamente, a própria Regra indicava que cada um devia ter dois cavalos. Assim, esta representação deveria simbolizar a união e a entrega de cada cavaleiro em benefício de todos: o bom entendimento, a harmonia e a disciplina que deviam reinar em todos os ofícios da Ordem.
Na sua luta espiritual, o cavaleiro é servo e instrumento de acção da divindade e, nesse âmbito, realiza-se na concretização dessa causa. Assim, o símbolo do cavaleiro inscreve-se numa clara intenção de espiritualizar o combate. Por conseguinte, o ideal do cavaleiro manifesta-se no desejo de participar na realização de uma missão que se distinga por uma moral elevada e sagrada. A Regra insiste na vida que se deve ter em comum e o selo simboliza-a.

in Eduardo Amarante, "Templários", Vol. 1
[1] O Mestre do Templo também era designado Mestre do Templo de Jerusalém. Para além da denominação Magister Humilis, tinha outras de acordo com o teor dos documentos a assinar: Magister Militæ Templi, Hugo Peccator, Robertus Magister e Minister Humilis.
[2] Por volta de 1164 foi criado o cargo de Visitador Cismarim, que auxiliava o mestre na administração das casas do Templo na Europa. Na época, o grande mestre era Bertrand de Blanquefort e Geoffroy Foucher era o visitador.
[3] Por sua vez, no Ocidente, o mestre de França usava no seu selo a rotunda do Templo de Paris que mais não era do que a réplica da de Jerusalém, com um abraxas como contra-selo. Por fim, as comendas e casas templárias adoptaram, regra geral, um castelo com três torres.
[4] Os templários restauraram o edifício octogonal chamado Cúpula da Roca, tendo-o consagrado solenemente em 1142. A partir de então, chamaram-lhe Templo do Senhor. É a actual Mesquita de Omar.
[5] É curioso encontrar esta representação de dois cavaleiros montados no mesmo cavalo quando a própria Ordem do Templo o proíbe expressamente. No seu artigo (Retrait) 379 diz o seguinte: “E dois irmãos não devem cavalgar uma só montada”. Recordemos que era obrigatório a todos os cavaleiros que ingressassem na Ordem possuir dois cavalos. Ora, daqui se depreende que esta representação do selo é simbólica.

SIGNIFICADO SIMBÓLICO DO SELO DOS CAVALEIROS GÉMEOS



Esta sigilografia é profundamente simbólica e pode ter vários significados. São eles:
·       O símbolo dos dois mundos: o material e o espiritual;
·       O símbolo da dualidade na acção: o guerreiro, mais activo (exotérico-exterior) e o monge mais passivo (esotérico-interior);
·       O símbolo de duas religiões: a cavalaria cristã e a cavalaria muçulmana servindo o mesmo ideal tradicional, representado pela montada comum[1]; duas religiões que se unem para originar o império do Espírito, que na época constituía uma heresia;
·       O símbolo da dupla missão templária: a missão pública, que satisfazia a Igreja na defesa dos cristãos desprotegidos; e a missão “secreta”, universal, separada da Igreja, e cuja finalidade, hoje, dificilmente alcançamos em toda a sua dimensão histórica;
·       O símbolo do duplo poder: a aliança a ser realizada entre a autoridade espiritual e o poder temporal;
·       O símbolo de duas formas de vida: intelectual e prática; uma e outra têm necessariamente de trabalhar em conjunto (Ora e Labora) em prol de uma causa;
·       O símbolo da dualidade interna do homem: a natureza inferior (o mal) e a natureza superior (o bem).

Assim, a presença dos dois cavaleiros simboliza a dupla função da Ordem, guerreira e religiosa, mas também a dualidade em tudo o que existe: o Oriente e o Ocidente, o Antigo e o Novo Testamento, a luta apocalíptica entre o bem e o mal, as trevas e a luz, etc.

in Eduardo Amarante, "Templários", Vol. 1

[1] A este trecho é interessante salientar que, por exemplo, na insígnia de uma cidade do Algarve, Silves, encontra-se uma elucidativa representação simbólica de dois rostos diferentes quanto à vestimenta utilizada: um é cristão, outro muçulmano. Será que esta representação pretende traduzir a união (coexistência pacífica entre dois povos diferentes) entre o mundo árabe e o mundo cristão? Como é que em terras portuguesas se logrou alcançar esta estratégia? É um assunto que retomaremos quando, no volume II, falarmos sobre a formação de Portugal.

O SELO ABRAXAS E O SEU SIGNIFICADO SIMBÓLICO



O Abraxas é um personagem fabuloso que segura com a mão direita um escudo e com a esquerda um látego. O busto e a cabeça são de galo, com o bico levantado. As pernas e os pés terminam em forma de serpentes; à sua volta, por vezes acompanhadas de estrelas, as letras grega I A W, iota, alfa e omega, respectivamente.
Os Abraxas utilizados para selar são gemas que remontam ao século II d.C. Essas gemas eram engastadas em anéis usados pelos primeiros cristãos de tendência gnóstica, em particular os discípulos de Basílides[1], que fez um sincretismo entre as correntes mitríacas, orientais e celtas do cristianismo primitivo.
Abraxas é uma palavra composta por sete letras que faz referência aos sete planetas e aos sete arcanjos. Ao decompor esta palavra, segundo o sistema grego de numeração[2], obtém-se, ao somar os valores dessas sete letras, o número 365, isto é, o ciclo do ano, o infinito ou o céu fixo onde os sete planetas se movem.
O monstro central deste selo é Panthé[3], ser híbrido que reúne vários símbolos e atributos divinos. A sua cabeça, em forma de galo, virada para o céu simboliza o seu canto que faz nascer o sol ou a luz do Conhecimento. As pernas terminadas em corpos de serpente represen­tam a imagem da dualidade luz-trevas. Nesta representação há um claro paralelismo com o gonfalão baussant, negro e branco (luz-trevas), dos templários.
As letras I A W são as iniciais de IhsovV ou Jesus, com o alfa e o omega, visão gnóstica do Cristo do Apocalipse de S. João Evangelista, que neste selo é mostrado com o escudo, protegendo os seus adeptos.
O látego que Panthé segura na outra mão, por vezes substituído por um caduceu, parece ter sido, como no Antigo Egipto, insígnia de um grau ou função exercida pelo portador do anel.


in Eduardo Amarante, "Templários", Vol. 1





[1] Basílides, filósofo cristão gnóstico da Escola de Alexandria, viveu por volta do ano 130. Foi incumbido, em Alexandria, de dar ao cristianismo a dimensão cosmológica de que carecia, desenvolvendo a pesquisa do Conhecimento (Gnose) em detrimento da moral e da fé, únicos ou principais fundamentos primitivos. Para tal, necessitava de conciliar as grandes correntes neoplatónicas com a fé cristã nascente. Basílides foi o mentor da tendência gnóstica na Igreja, doutrina que esteve na base do pensamento beneditino, cisterciense e, obviamente, templário. Perseguido pela Igreja, todos os seus escritos foram destruídos. O mesmo veio a acontecer séculos mais tarde com os dos templários.
[2] Segundo este sistema ABRAXAS: A = 1; B = 2: R = 100; A = 1; X = 60; A = 1; S = 200. Somando estas parcelas, o total é idéntico ao número 365, que corresponde aos dias do ano.
[3] Pan-Thé, nome que etimologicamente deriva do grego Pan = tudo (natureza) + Thé (Théos) = Deus. É o Deus do todo, simbolizando a energia criadora desse Todo. De Pan provém a palavra pânico, terror que se espalha a toda a natureza e a todos os seres em virtude da presença desse Deus que perturba o espírito e turva os sentidos. Filósofos neoplatónicos e cristãos fizeram dele a síntese do paganismo. A morte de Pan simboliza o fim das instituições (in Dictionnaire des Symboles, p. 724).