A NOSSA TERRA É SAGRADA

Carta do Chefe índio Seattle ao Grande Chefe de
Washington, Franklin Pierce, em 1854, em resposta à
proposta do Governo norte-americano de comprar grande
parte das terras da sua tribo Duwamish, oferecendo em
contrapartida a concessão de uma reserva.
Como podereis comprar ou vender o céu? Como podereis comprar
ou vender o calor da terra? A ideia parece-nos estranha. Se a
frescura do ar e o murmúrio da água não nos pertencem, como
poderemos vendê-los?
Para o meu povo, não há um pedaço desta terra que não seja
sagrado. Cada agulha de pinheiro cintilante, cada rio arenoso, cada bruma ligeira no meio dos nossos bosques sombrios são sagrados para os olhos e memória do meu povo.
A seiva que corre na árvore transporta nela a memória dos PelesVermelhas, cada clareira e cada insecto que zumbe é sagrado para a memória e para a consciência do meu povo. Fazemos parte da terra e ela faz parte de nós. Esta água cintilante que desce dos ribeiros e dos rios não é apenas água; é o sangue dos nossos antepassados.
Os mortos do homem branco esquecem a sua terra quando
começam a viagem através das estrelas. Os nossos mortos, pelo
contrário, nunca se afastam da Terra que é Mãe. Fazemos parte dela.
E a flor perfumada, o veado, o cavalo e a águia majestosa são nossos irmãos.
As encostas escarpadas, os prados húmidos, o calor do corpo do
cavalo e do homem, todos pertencem à mesma família. Se vendermos esta terra, não ireis, decerto, ensinar aos vossos filhos que ela é sagrada. Como poderei dizer-vos que o murmúrio da água é a voz do pai do meu pai...
Também os rios são nossos irmãos porque nos libertam da sede,
arrastam as nossas canoas, trazem até nós os peixes… E, além do mais, cada reflexo nas claras águas dos nossos lagos relata histórias e memórias da vida das nossas gentes. Sim, Grande Chefe de Washington, os nossos rios são nossos irmãos e saciam a nossa sede, levam as nossas canoas e alimentam os nossos filhos.
Se vos vendêssemos a nossa terra, teríeis de recordar e de
ensinar aos vossos filhos que os rios são nossos irmãos e também seus.
E é por isso que devem tratá-los com a mesma doçura com que se trata um irmão. Sabemos que o homem branco não percebe a nossa maneira de ser. Para ele um pedaço de terra é igual a um outro pedaço de terra, pois não a vê como irmã mas como inimiga.
Depois de ela ser sua, despreza-a e segue o seu caminho.
Deixa para trás a campa dos seus pais sem se importar. Sequestra
a vida dos seus filhos e também não se importa. Não lhe interessa a campa dos seus antepassados nem o património dos seus filhos
esquecidos. Trata a sua Mãe Terra e o seu Irmão Firmamento como objectos que se compram, se exploram e se vendem tal como ovelhas ou contas coloridas. O seu apetite devora a terra, deixando atrás de si um completo deserto.
Não consigo entender. As vossas cidades ferem os olhos do homem pele-vermelha. Talvez seja porque somos selvagens e não podemos compreender. Não há um único lugar tranquilo nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desenrolar das folhas ou o rumor das asas de um insecto na Primavera.
O barulho da cidade é um insulto para o ouvido. E eu pergunto-me:
que tipo de vida tem o homem que não é capaz de escutar o grito
solitário de uma garça ou o diálogo nocturno das rãs em redor de uma lagoa? Sou um pele-vermelha e não consigo entender. Nós preferimos o suave murmúrio do vento sobre a superfície de um lago, e o odor deste mesmo vento purificado pela chuva do meio-dia ou perfumado com o aroma dos pinheiros.
Quando o último pele-vermelha tiver desaparecido desta terra,
quando a sua sombra não for mais do que uma lembrança, como a de uma nuvem que passa pela pradaria, mesmo então estes ribeiros e estes bosques estarão povoados pelo espírito do meu povo. Porque nós amamos esta terra como uma criança ama o bater do coração da sua mãe.
Se decidisse aceitar a vossa oferta, teria de vos sujeitar a uma
condição: que o homem branco considere os animais desta terra como irmãos.
Sou selvagem e não compreendo outra forma de vida. Tenho visto
milhares de búfalos a apodrecer, abandonados nas pradarias, mortos a tiro pelo homem branco que dispara de um comboio que passa. Sou selvagem e não compreendo como uma máquina fumegante pode ser mais importante que o búfalo, que apenas matamos para sobreviver.
Tudo o que acontece aos animais acontecerá também ao homem.
Todas as coisas estão ligadas. Se tudo desaparecer, o homem pode morrer numa grande solidão espiritual. Todas as coisas se interligam.
Ensinai aos vossos filhos o que nós ensinamos aos nossos sobre a terra: que a Terra é nossa Mãe e que tudo o que lhe acontece a nós acontece aos filhos da terra.
Se o homem cuspir na terra, cospe em si mesmo. Sabemos que a
terra não pertence ao homem, mas que é o homem que pertence à
terra. Os desígnios terrenos são misteriosos para nós. Não
compreendemos por que os bisontes são todos massacrados, por que são domesticados os cavalos selvagens, nem por que os lugares mais secretos dos bosques estão impregnados do cheiro dos homens, nem por que a vista das belas colinas está guardada pelos “filhos que falam”.
Talvez um dia sejamos irmãos. Logo veremos. Mas estamos certos de uma coisa que talvez o homem branco descubra um dia: o nosso Deus é um mesmo Deus. Agora podeis pensar que Ele vos pertence, da mesma forma que acreditais que as nossas terras vos pertencem. Mas não é assim. Ele é o Deus de todos os homens e a sua compaixão alcança por igual o pele-vermelha e o homem branco.
Esta terra tem um valor inestimável para Ele e maltratá-la pode provocar a ira do Criador. Que é feito dos bosques profundos? 
Desapareceram. Que é feito da grande águia? Desapareceu também.
Mas o homem não teceu a trama da vida: isto sabemos. Ele é apenas um fio dessa trama. E o que faz a ela fá-lo a si mesmo.
Também os brancos se extinguirão, talvez antes das outras tribos.
O homem não teceu a rede da vida. É apenas um fio e está a desafiar a desgraça se ousar destruir essa rede. Tudo está relacionado entre si como o sangue de uma família. E, se sujardes o vosso leito, uma noite morrereis sufocados pelos vossos excrementos. Assim se acaba a vida e só nos restará a possibilidade de tentar sobreviver.

OS FILHOS DA VERDADE

O conde de Saint-Germain afirmou: “Os filhos da verdade são combatidos em qualquer parte como seres perigosíssimos. A humanidade só acolhe bem os que a enganam, a perdem e a sacrificam!”

Elevando-se a alturas espirituais desconhecidas do comum dos mortais, alguns desses seres tiveram de se sacrificar por uma humanidade ignorante, cuja ingratidão não fez diminuiu em nada o amor e compaixão que por ela sempre manifestaram, a tal ponto que, em momentos de extremo suplício vêem cumprido o aforismo oriental de que o sândalo é tão admirável que até perfuma o machado que o corta.

in "PROFECIAS - da Interpretação do Fim do Mundo à Vinda do Anticristo", Eduardo Amarante




ADAM WEISHAUPT E A NOVA ORDEM MUNDIAL

Dizia Platão: “Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua.” 

Os planos da Nova Ordem Mundial consistem em seis objectivos: 
• A abolição da monarquia e de todos os governos constituídos; 
• A abolição da propriedade privada; 
• A abolição da herança; 
• A abolição do patriotismo; 
• A abolição da família; 
• E, por fim, a abolição de todas as religiões. 

A fim de levar a cabo esse plano, Weishaupt entendeu que precisava de se associar a alguma força oculta para destruir a civilização ocidental, fundamentalmente cristã. A sua organização necessitava de um símbolo e Weishaupt criou o “olho que tudo vê” no cimo de uma pirâmide incompleta, dentro de um círculo. No alto do círculo acham-se escritas as palavras ‘Annuit Coeptus’ que, em latim, significa ‘Anunciando o nascimento de’ e na parte inferior do círculo estão as palavras latinas ‘Novus Ordo Seclorum’ que, como já dissemos, significa ‘Nova Ordem Mundial’. Weishaupt planeou, então, a queda de todos os governos e a sua substituição pelo sistema global. E lançou os alicerces para destruir os governos ocidentais, substituindo-os por um novo governo global, chamado Nova Ordem Mundial. Para a prossecução dos seus fins, Weishaupt aliou-se à Maçonaria, que ele entendeu poder vir a ser uma aliada potencialmente forte na sociedade. 

in "PROFECIAS - Da Interpretação do Fim do Mundo à Vinda do Anticristo", Eduardo Amarante 



RAINHA SANTA ISABEL E D. FILIPA DE LENCASTRE - DUAS MÃES E EDUCADORAS DE EXCELÊNCIA

Ambas acreditaram num Ideal, viveram-no durante toda a vida e foram um exemplo disso. Duas vias, dois caminhos, um mesmo e único objectivo: educar as crianças com base em princípios éticos e espirituais de molde a criar os alicerces para um mundo melhor. Se queremos um mundo melhor – e nós queremos –, teremos de começar pelas raízes, isto é, pela educação desde o berço, na qual a Mulher tem um papel primordial. Importa recordar que EDUCAR, etimologicamente, significa “conduzir para fora” (ex ducere), ou seja, trazer para fora (maiêutica) tudo de bom que a nossa alma encerra e isso é a verdade, a bondade, a generosidade e o altruísmo.

in Eduardo Amarante, "Templários", Vol 4.



OS TEMPLÁRIOS SOBREVIVERAM NA ORDEM DE CRISTO

Pela bula Ad ea exquibus cultus augeatur divinus… o papa João XXII proclama em Avinhão, a 14 de Março de 1319, o estabelecimento de uma nova Ordem de cavalaria, a Ordem da Milícia de Jesus Cristo, que viria a suceder à extinta Ordem do Templo. Entre os inúmeros pontos da extensa bula cabe destacar o seguinte: “Outorgava, doava, unia, incorporava, anexava e aplicava para todo o sempre à dita Ordem de Jesus Cristo: Tomar, Castelo Branco, Almourol e todos os outros castelos, fortalezas e outros bens móveis e de raiz, homens, etc., etc., que a Ordem do Templo tinha e havia e devia ter nos ditos reinos de Portugal e Algarves”. Trata-se da demonstração inequívoca de que esta nova Ordem de cavalaria era a continuação evidente da Ordem do Templo!

in Eduardo Amarante, "Templários", Vol. 4.


O REGRESSUS AD UTERUM E O NOVO NASCIMENTO

Estácio da Veiga cita que em Torre de Frades, Algarve, “o sistema de enterramento em tão apertado espaço, tendo sido o da inumação, só pode conceber-se que tivesse podido efectuar-se com os cadáveres dobrados pelas articulações dos fémures e encostados em torno do espaço escavado”. 

Vestígios destes ritos fúnebres de significado mágico-religioso, encontram-se em inúmeras sepulturas neolíticas onde havia o costume de lançar no túmulo uma pedra arredondada por cada um dos assistentes ao enterro. Hoje em dia ainda se mantém a tradição de se lançar um punhado de terra no acto da inumação do cadáver. Este costume, de traços acentuadamente “pagãos”, simboliza o grão que, semeado na Terra-Mãe, é por ela recoberto a fim de, nas suas entranhas, dar início ao processo de gestação que culminará num novo nascimento. Está, portanto, presente a ideia do re-nascer de acordo com os próprios ciclos da Natureza. Ideia essa mais viva em inúmeras culturas tradicionais que, como acabámos de ver, inumavam o cadáver em posição de cócoras ou fetal, representado ritualmente o regressus ad uterum. 

 In “Universo Mágico e Simbólico de Portugal”, Eduardo Amarante 

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 Descoberta sepultura com 8 mil anos em escavações em Alcácer do Sal, com esqueletos em posição fetal, símbolo do renascimento! “Uma sepultura com cerca de 8000 anos foi descoberta por uma equipa da Universidade de Lisboa e da Universidade de Cantábria no sítio arqueológico das Poças de S. Bento, em Alcácer do Sal. A Universidade de Lisboa indica num comunicado que a sepultura do Mesolítico foi "identificada esta semana" e "parece corresponder a uma mulher jovem, depositada sobre as costas, com as pernas fortemente flectidas". "Esta descoberta permitirá obter informação detalhada acerca do comportamento funerário destes grupos, das suas actividades rituais", adianta. A universidade informa ainda que o esqueleto humano, em "bom estado de conservação", será alvo de análises em laboratório, de ADN, dos "isótopos estáveis de carbono e nitrogénio presentes nos ossos", de "datação de Carbono 14" e de estudos paleopatológicos. "As análises serão realizadas, na sua maior parte, nos laboratórios das Universidades da Cantábria, de Oxford e de Lisboa, e no Instituto Max-Planck, de Leipzig", indica. As escavações que permitiram a localização da sepultura são dirigidas pelos professores Mariana Diniz, da Universidade de Lisboa, e Pablo Arias, da Universidade da Cantábria. Os trabalhos inserem-se no projecto SADO-MESO, "orientado para a revisão sistemática do Mesolítico e Neolítico do vale do Sado".” Lusa/SOL




TER ORGULHO NO NOSSO PASSADO HISTÓRICO

"Não podemos, não devemos e não temos razão para não nos orgulharmos do nosso passado e ganhar, assim, alento e ânimo para o futuro que nos espera: a realização da missão de que somos herdeiros. Portugal ou a Lusitânia refundada não nasceu fruto do acaso.
Não temos de ter complexos e menos ainda vergonha de termos sido grandes e, sobretudo, não nos culpabilizem de termos tido líderes, homens de escol, que tão sabiamente souberam dirigir os destinos do país. E, neste caso, o futuro será o melhor juiz.
Que fazer para viabilizar a reconstrução de um país quando todos os esforços se disseminam, uns na indiferença, outros na separatividade (apesar de se falar tanto de globalização), na luta entre facções, em vez de convergirem num só sentido, num sentimento de unidade e afirmação do país face a outros que desejam ser os senhores do mundo?
A resposta não é fácil porque, se há coisa que trava essa reconstrução, é a doença de que padecemos: a perda progressiva da identidade. Não obstante, todos nós temos uma identidade que nos é dada no acto de nascer e, na medida do possível, somos livres de mudá-la quando quisermos.
Quando um homem se identifica com o seu passado histórico e com a herança dos seus predecessores sabe bem que é em momentos de profunda crise que deve afirmar a sua história e, nesse instante, ele torna-se uma parte da encarnação histórica da sua pátria e consegue, assim, religar o elo perdido, não rompendo, desse modo, a cadeia ancestral.
Na nossa história, e à semelhança da história das outras nações, é na adversidade que se forjam os verdadeiros homens e mulheres capazes de identificar o seu destino com a cultura do seu povo, do seu país." - Eduardo Amarante

in "PORTUGAL - A MISSÃO QUE FALTA CUMPRIR"


BONS E MAUS GOVERNANTES

Conta-se que um dia em que o Inca Pachacutec, acompanhado pela sua corte, percorria o Império deparou-se no caminho com um aguará (espécie de raposa grande, inofensiva, existente na América do Sul) que estava preso na lama. As pessoas que por ali passavam batiam-lhe ou atiravam-lhe pedras, amedrontando o animal, que acabou por ficar enlouquecido devido aos maus tratos que lhe infligiam.
Pachacutec, ao vê-lo, desceu da liteira em que viajava, aproximou-se do aguará, tirou-o da lama e aconchegou-o nos seus braços. Assustado, o primeiro impulso do animal foi morder o Inca. Logo surgiu a guarda imperial que se preparou para matar de imediato o animal. Mas Pachacutec, com um sinal firme, impediu-a que o fizesse. Continuou a acariciar o animal até que este adormeceu nos seus braços. Aí, então, Pachacutec proferiu o seguinte ensinamento:
“Este aguará é como os povos quando são torturados e flagelados por maus governantes. Se depois vem um bom governo, o povo, julgando que é igual ao anterior, vira-se e morde a mão daquele que lhe faz bem. Não se deve reagir dizendo: ‘este povo é mau’; pelo contrário, há que continuar a fazer-lhe o bem até que ele se convença que mudou de amo.”
in "O Império do Sol - Breve História dos Incas", Eduardo Amarante


SIGNIFICADO SIMBÓLICO DO TOURO E DO JAVALI NA LUSITÂNIA


O facto de se ter encontrado no Promontório Sagrado figuras em bronze de touro e javali, com a particularidade de haver dados suficientes para se poder afirmar, como demonstra Leite de Vasconcelos, que estes animais faziam parte dos cultos religiosos, é mais um indício, assaz relevante, quanto à sacralidade do lugar.
Símbolo da força criadora, o touro é o animal consagrado ao deus EL (Kronos?). Nos cultos mithríacos ele está associado à iniciação pelo baptismo de sangue. Para Jung, o sacrifício do touro “representa o desejo de uma vida espiritual que permitiria ao homem triunfar sobre as suas paixões animais primitivas e que, após uma cerimónia de iniciação, dar-lhe-ia a paz.” Esta interpretação é análoga ao significado simbólico do Minotauro morto por Teseu no centro do labirinto.
Quanto ao javali, ele representa a autoridade espiritual, e é um símbolo da casta sacerdotal, ao contrário de Artos, o urso, emblema do poder temporal. É o animal consagrado a Lug, na Gália, e a Endovélico, na Lusitânia. A esta divindade está associado o lobo ou cão psicopômpico, portanto com uma função iniciática e solar, pois considerava-se este animal pelo seu poder de ver nas trevas, como aliás Anubis no Egipto ou o cão Xolotl no México pré-colombiano.
O lobo também estava associado a Apolo, o deus-Sol que presidia aos mistérios de Delfos, como podemos ver pela relação existente entre lukos = lobo e luke = luz.
Para certos investigadores, o nome epónimo e mítico Lusus estaria directamente relacionado com a Luz espiritual e teria perdurado no tempo como uma recordação daquele imenso saber outrora acumulado no Ocidente e transplantado posteriormente para Luksor, no Egipto.
in "UNIVERSO MÁGICO E SIMBÓLICO DE PORTUGAL", Eduardo Amarante

A DINASTIA DE AVIS E A RELIGIÃO DO QUINTO IMPÉRIO

A Dinastia de Avis – segundo o cronista Fernão Lopes –, professava a religião do Quinto Império, ou Império do Espírito Santo, “na ascensão da letra dos Evangelhos e dos Actos dos Apóstolos para o Espírito que os transcende.”
A expansão portuguesa, primeiro para o norte de África, e depois para o Sul e Oriente tinha em vista uma aproximação de culturas e religiões numa base ecuménica de tolerância e respeito mútuos. Prova disso é o facto histórico de, após a conquista de Tânger por D. Afonso V, ter sido a mesquita local consagrada ao Espírito Santo, numa inequívoca demonstração de reconciliação ecuménica, uma vez que o Espírito sopra em todas as religiões.
in "Templários", vol. 4, Eduardo Amarante



AMO PORTUGAL

Amo a sua história, as suas gentes hospitaleiras, a sua cultura e tradições, os seus monumentos, as suas paisagens, as suas montanhas e vales, o seu mar e o seu céu profundo e luminoso, o seu sol e o seu clima ameno e temperado. Amo as suas flores, os seus frutos e os seus legumes, o seu azeite e o seu vinho. Amo a sua gastronomia, para mim a melhor do mundo.

Temos recursos naturais infindáveis, temos paz, temos a protecção de Santa Maria, do Divino Espírito Santo e do Arcanjo São Miguel. Temos todos os motivos para nos sentirmos felizes e orgulhosos.

 E porque não nos sentimos nem felizes nem orgulhosos? Porque trocámos o Ser pelo Ter, a amizade pelo interesse egoísta, a humildade pela arrogância, a simplicidade pela ostentação, o trabalho pelo ócio, o espírito de missão pelo conformismo e a inércia. Trocámos o espírito de conquista e de realização pessoal pela caça aos subsídios, a maior armadilha que nos pregaram nos últimos séculos. Como se o abandono dos campos, da agricultura, das pescas, da indústria não implicasse mais tarde a perda de emprego… e da soberania!

Portugal tem tudo para se voltar a erguer. Há que inverter a situação que nos levou ao descalabro. Há que substituir o Ter pelo Ser, a esmola pela dádiva, a mentira pela verdade, a apatia e a inércia pela vontade de realização. Há que dar um futuro aos nossos filhos e netos. Há que nos mostrarmos dignos de termos nascido em Portugal.

Para os Antigos, aqui neste extremo ocidental da Europa situava-se o mítico Jardim das Hespérides, uma espécie de Paraíso na Terra.

Aos legionários mais condecorados do Império Romano era-lhes dado o maior prémio a que podia aspirar um cidadão de Roma: reforma com inúmeras benesses na Lusitânia, o que lhes permitia viver num pequeno paraíso os seus últimos anos de vida.

E é esse paraíso que temos ao alcance das nossas mãos, sem nos consciencializarmos disso. É hora de inverter a situação. É hora de enfrentar a crise pela positiva.

É hora de nos mostrarmos gratos à natureza por tudo o que ela, generosamente, nos deu. É hora de trocarmos o cifrão pelo coração, símbolo da união, da paz e do amor, mas também — e não por acaso — o símbolo de Portugal.

Eu AMO Portugal. E espero que quem me lê também o AME de coração!
Eduardo Amarante



MULHER - O ETERNO PRINCÍPIO FEMININO


Já Pitágoras dizia: “Educai as crianças e não tereis de castigar os adultos”.
A Mulher é a encarnação viva do Eterno Feminino, que encontra no Homem o seu oposto e complemento. Os contrários – feminino e masculino – atraem-se através do Amor nos seus diferentes estados vibratórios. Essa atracção pode ser meramente física e efémera – Cupido – como também espiritual e perene – Eros. Vejamos então a dualidade complementar destes dois princípios:
• Se o Homem representa os ramos em expansão de uma árvore, a Mulher representa as suas raízes;
• O Homem é o tempo; a Mulher é o espaço;
• O Homem é acção; a Mulher é fixação;
• O Homem é transformação; a Mulher é conservação;
• O Homem é história; a Mulher é tradição;
• A beleza do Homem é rectilínea; a da Mulher é curvilínea;
• A força do Homem é externa; a da Mulher é interna;
Se queremos tornar a sociedade melhor, comecemos pelas crianças, educando-as para se tornarem melhores. Esse papel cabe, fundamentalmente, à Mulher.
A Mulher é beleza, é doçura, é perfume, é flores, é atenção, é sensibilidade, é docilidade, é compreensão, é paciência, é astúcia, é intuição, é carinho, é amor. Mas também é educação, higiene, saúde, preservação, determinação, inspiração, exaltação.
Pela Mulher inspiradora, que canaliza através de si os mais nobres ideais, o Homem é capaz das maiores proezas, dos feitos impossíveis. É capaz de construir um novo Camelot, uma nova Ordem de Cavalaria, pois encontra na Dama a motivação que o inspira e lhe dá força.
in "TEMPLÁRIOS", Vol. 4: "O Segredo do Quinto Império" - Eduardo Amarante

PROCESSO MAQUIAVÉLICO CONTRA OS TEMPLÁRIOS

Os fracassos das cruzadas e o desaparecimento dos Estados latinos da Terra Santa destruíram os fundamentos materiais e ideológicos da actividade da Ordem do Templo. Os insucessos no Médio Oriente alimentaram uma onda de calúnias, entre as quais a de que os cavaleiros teriam feito acordos secretos com os muçulmanos, fugido do campo de batalha e traído os cristãos. 

Aproveitando o clima de grande tensão e de suspeição em que se vivia, os agentes às ordens de Filipe o Belo invadiram de surpresa, a 13 de Outubro de 1307, todas as sedes templárias em França. Não há dúvida de que, se Filipe o Belo engendrou a condenação e a morte dos templários com um maquiavélico cinismo, Clemente V conheceu um doloroso drama de consciência; caso contrário, não se compreenderia toda a sua indecisão, lentidão e silêncio. De qualquer modo, quer ele tivesse ou não participado em toda esta ignomínia, a verdade é que os irmãos do Templo foram condenados, a Ordem aniquilada, e os seus bens confiscados. O rei de França era o mais forte, e toda a veleidade em querer detê-lo nos seus intentos levantaria um grave e violento conflito entre a realeza e o papado. 

Ordem do Templo foi o bode expiatório na disputa que se travava entre o poder espiritual (o Papa) e os poderes temporais, as monarquias administrativas e territoriais. A verdade é que, não obstante todo o esforço em reunir testemunhos e depoimentos que incriminassem os templários num dos mais longos processos da história, não houve provas de heresia que satisfizessem a Comissão Pontifical, pelo que os templários foram condenados, mas não excomungados, isto é, culpados perante a justiça humana, mas inocentes perante a justiça divina… 

 in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS, Vol. 3 - A Perseguição e a Política de Sigilo de Portugal: a Missão Marítima"


A TORTURA INFLIGIDA AOS TEMPLÁRIOS

Em relação aos meios de tortura utilizados, poupamos o leitor às descrições mais violentas sem, no entanto, deixarmos de apontar as mais frequentes como forma de, por si, tomar consciência não só do modo bárbaro como eram feitas, mas também da razão por que muitos dos cavaleiros templários se viram obrigados a prestar falsas confissões, ao gosto dos seus carrascos, a fim de se libertarem desse sofrimento.
Nós mal podemos imaginar o que é que a palavra tortura podia conter de crueldade e de sofrimento. Recordemos que, antes de serem levados das profundezas dos calabouços perante o juiz implacável, os acusados já haviam passado longas noites e dias agrilhoados, no meio da obscuridade e do frio, sem se poderem mover e debilitados pela fome.
(...) Não obstante, a maior parte desses monges-guerreiros, considerando que era pecar contra Deus e contra a sua Ordem proferir tais e tão grosseiras mentiras, recusavam.
(...) Então, vendo que não conseguia vergar o acusado pela sedução, o inquisidor entregava-o aos carrascos. Estes começavam por despir o paciente, que se tornava assim mais vulnerável pela humilhação que sentia; os seus pés, ainda inchados das correntes do calabouço, eram amarrados a enormes pesos de ferro fundido; as suas mãos, ainda feridas dos punhos de ferro, eram amarradas atrás das costas, passando a corda à volta de uma polé; esta era puxada vigorosamente, deslocando assim os tendões e as articulações. Durante todo esse tempo, que parecia interminável, o escrivão impassível anotava não só as palavras que o justiçado eventualmente viesse a pronunciar, mas os gritos, os gemidos, as lágrimas e os suspiros. Por vezes, para diversificar as dores, o carrasco largava de súbito a corda, e o corpo estatelava-se brutalmente. Havia, contudo, certos juízes que “descobriam” torturas inéditas. O bailio de Mâcon mandou pender o irmão Gérard de Passay pelas partes genitais. Um suplício clássico era o do fogo: untavam-se de banha os pés do paciente e pegava-se-lhes fogo.
Com estes requintes diabólicos, os inquisidores obtiveram inúmeras confissões. Poderemos ficar surpreendidos com esta fraqueza da parte de monges-guerreiros heróicos, que haviam demonstrado em numerosas ocasiões o desprezo pela dor. Porém, há que mencionar que alguns deles, mais ingénuos, tinham reconhecido com sinceridade crimes imaginários, não por medo, mas por reverência para com o Papa e o (grão) mestre, após a audição das falsas cartas. É preciso recordar, no entanto, que, entre os cento e quarenta templários submetidos a uma pressão psicológica e a uma dor física insuportáveis, trinta e seis, só em Paris, não soltaram uma única palavra e preferiram morrer das torturas...
in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS, Vol. 3 - A Perseguição e a Política de Sigilo de Portugal: a Missão Marítima"


A “PROFECIA” CUMPRE-SE...

Apesar da Ordem do Templo ter acabado de morrer, naquele momento, em França, com a morte dos seus principais dignitários, os mais importantes protagonistas deste trágico caso, ao contrário do que esperariam, dele pouco iriam aproveitar:
• Um mês mais tarde, a 20 de Abril de 1314, o papa Clemente V morreu de desinteria e vómitos;
• O rei ficou paralítico após uma queda de cavalo em Fontainebleau, acabando por morrer no dia 29 de Novembro desse mesmo ano;
• Quanto a Nogaret, morreu de morte súbita em Abril de 1313, entre o concílio de Vienne e a execução de Jacques de Molay;
• Enguerrand de Marigny, acusado de alta traição no reinado de Luís X, foi enforcado em Montfalcon a 30 de Abril de 1315;
• Quanto aos juízes eclesiásticos Imbert e Plaisians, morreram igualmente de morte violenta.
Será que se tratou realmente de uma “maldição” proferida pelos templários no momento do seu suplício pelo fogo, tal como afirmam alguns historiadores, ou tratar-se-ia antes de uma visão profética captada nos últimos momentos de vida pelo mestre desta prestigiosa Ordem monástico- -militar, rodeado pelas chamas no alto da sua fogueira? Só o próprio poderia responder. De qualquer modo, e por ocasião do desenlace trágico deste iníquo processo, o povo cristão viu a intervenção divina na morte rápida e inesperada dos seus autores.
Célebre é a tradição tardia, segundo a qual o mestre Jacques de Molay, na fogueira, citou Clemente V a comparecer perante Deus nos próximos quarenta dias e o rei de França nesse mesmo ano. Ferretus Vicentinus atribui esta citação não a Molay, mas a um templário que teria sido conduzido perante Clemente V após a morte do mestre. No entanto, é lícito supor que Molay, na fogueira, tenha profetizado a vingança do Céu sobre os carrascos da Ordem do Templo.
A verdade é que, coincidência ou maldição, Clemente V morreu de desinteria e de vómitos em Roquemaure, a 20 de Abril de 1314, trinta e três dias após o suplício da sua vítima, e Filipe o Belo deixou este mundo em 29 de Novembro desse mesmo ano com apenas 46 anos. Escreveu Villani:
“O povo atribuiu a morte prematura de Filipe à cólera do Céu, que vingava assim Bonifácio VIII e os templários.”
Quanto a Carlos II d’Anjou, que enviara para a fogueira em 1308 os templários da Provença, morreu subitamente no ano seguinte.
in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS, Vol. 3 - A Perseguição e a Política de Sigilo de Portugal: a Missão Marítima"

OS PRÍNCIPES DE AVIS E A DEMANDA DO REINO ESPIRITUAL

D. João I, Mestre de Avis
Os Príncipes da Ínclita Geração foram educados por sua mãe, D. Filipa de Lencastre, tendo por modelos os cavaleiros da Távola Redonda e sua demanda incansável do Santo Graal – símbolo da renovação espiritual da humanidade. Por isso, não nos surpreende que um dos grandes objectivos dos cavaleiros da Ordem de Cristo, sob o comando do Infante D. Henrique, tenha sido a procura ou demanda do Reino do Preste João das Índias, encarnação material do almejado reino espiritual a estabelecer sobre a Terra.


Para os Reis e Príncipes de Avis estaria destinada a missão de unir o Oriente e o Ocidente através de uma aliança “que contribuísse decisivamente para fazer de todo o mundo um Reino do Preste João, como Imperador do Espírito Santo”. O próprio Fernão Lopes acreditava que a geração de Avis fora convocada a realizar a profecia de Cristo em Ourique, quando se dirigiu a D. Afonso Henriques, dizendo-lhe: “… em ti, e tua geração, quero fundar para mim um Reino, para cuja indústria será meu nome notificado a gentes estranhas.”

in "TEMPLÁRIOS", Vol. 4: "O Segredo do Quinto Império" - Eduardo Amarante