PORTUGAL E AS ILHAS AFORTUNADAS




“A Sabedoria foi ocultada, nos últimos tempos da Atlântida, e por longos séculos, nas Ilhas Afortunadas, situadas no ponto mais ocidental do mundo.
Hesíodo e Homero cantaram as maravilhas desse paraíso perdido, centro iniciático onde eram conservadas as 'maçãs de ouro que davam a ciência, o elixir da longa vida e a eterna juventude'.

Tito Lívio fala-nos dos chefes tribais, entre os quais se contam os da comarca do Minho, Douro e Tejo, que dependiam dos imperadores da Atlântida (liv. XXVII, cap. XXX). Também Políbio canta as delícias desses paraísos turdetanos e tartéssicos, a sul do Tejo. Santo Agostinho também refere, na sua obra De Civitas Dei, aquele paraíso:
“Antes que se achassem na Hispânia os veios de ouro e de prata, as guerras não existiam. Muitos dos seus filhos se consagravam ao estudo da filosofia. As cidades viviam seguras e tranquilas com santíssimos costumes (...) Não tinham os cidadãos pleitos entre si nem controvérsias...”.
Há ainda a sublinhar que a história clássica da Hispânia afirma que na zona ocidental da Europa, antes dos tempos ditos históricos, ocorreram tremendas lutas religiosas como reflexo da sombria herança dos Atlantes, lutas essas simbolizadas nos prélios dos rebeldes Titãs, que haviam chegado do Oriente para a Atlântida nos seus últimos dias e que eram portadores do sangue ário-atlante da mais elevada nobreza e espiritualidade, representando a sabedoria primitiva, em confronto com as paixões inferiores dos prosélitos do caminho da mão esquerda, que cultuavam os deuses exotéricos da geração, vingativos e ciumentos.
Essa influência dos Titãs na Península Ibérica foi de tal modo impactante em tempos hoje considerados míticos, que os mais vetustos nomes ibéricos derivam todos de Titã ou Titânia. Assim, à luz da etimologia, podemos concluir que a palavra LUSITÂNIA conserva na sua raiz a reminiscência daqueles gloriosos tempos e, daí, a eterna SAUDADE lusa pela Idade de Ouro, Paraíso Perdido, e o nosso FADO, expresso na necessidade sentida do seu resgate, que se reflecte no nosso apurado e genético sentido de exploradores e de conquistadores, mediante a consumação do sonho atávico do 5º Império.” – Eduardo Amarante
in "PORTUGAL - A MISSÃO QUE FALTA CUMPRIR"

A RAZÃO POR QUE A ALEMANHA LIDERA A EUROPA



Quem lidera a Europa é a Alemanha. Mas, em relação à Alemanha, temos de saber que Alemanha é esta. É uma Alemanha artificialmente criada pelas forças de ocupação. As leis existentes na República Federal Alemã são as leis de 1949 que exigem a imposição da censura no ensino, na rádio, na televisão e em tudo o que é escrito, durante 150 anos. Desde o ano de 1949 até ao ano 2.099 tudo o que é ensinado nas escolas e universidades alemãs é pré-censurado pelos aliados. Eu próprio fui convidado a retirar a minha inscrição numa universidade alemã por uma razão muito simples. Em Portugal temos a Polícia Judiciária. Na Alemanha, esta chama-se Bundes Verfassungsschutz, ou seja, a Polícia Defensora da Constituição. Não existe nenhum outro país do mundo que tenha uma polícia para defender a Constituição. Esta é proposta, votada e é aprovada ou não. Para que é que é preciso uma polícia para isso? No entanto, a Alemanha Federal tem! E o que é mais curioso, é que a Alemanha Federal tem a polícia da defesa da Constituição, mas não tem uma Constituição. O que a Alemanha tem é uma coisa chamada Grundgesetz, a Lei Base. Então, peguei naquele termo e quis saber quem é que escreveu a Lei Base da República Federal Alemã. E eles levaram-me de tal maneira a mal, que me disseram que se eu insistisse nessa pergunta, não sabiam o que é que iria acontecer. “Mas se quiser insistir, faça-o por escrito” - disseram-me. Fiz-lhes a pergunta por escrito, e fui mais longe. Acrescentei que não só queria saber quem é que escreveu a Lei Base da República Federal Alemã, como queria saber quem é que votou ou escolheu as pessoas que escreveram essa Lei Base. Como resultado disso tive de sair da universidade, porque sabiam perfeitamente que, dentro do condicionalismo em que estavam a viver, iria haver constantes fricções entre mim e os professores. A situação mantém-se em pleno. A República Federal Alemã é o país ocidental com o maior número de professores de História na prisão. Esta é considerada uma profissão de alto risco na Alemanha. Por quê? Porque só existe urna versão histórica que pode ser ensinada e que tem de ser ensinada. Quem se desviar da versão oficial imposta, é completamente afastado. Isto é gravíssimo, porque uma pessoa, ou é hipócrita e limita-se a fazer o serviço que lhe mandam só para ter o seu ordenado no fim do mês, ou então tem um mínimo de integridade e recusa-se a ensinar aos seus alunos aquilo que sabe que não está conforme a realidade histórica. Nesse caso, a pessoa não só é expulsa da escola como vai para a prisão. E nós, cá em Portugal, pensamos que aquilo é uma democracia. Por que razão políticos da República Federal Alemã querem a anulação de todas as nações europeias? Porque, como alemães, não podem fazer nada. O único país membro das Nações Unidas, que não é membro de pleno direito, é a República Federal Alemã. Há uns anos, o pequeno Liechtenstein passou a ser membro de pleno direito das Nações Unidas. Ora, o Liechtenstein é pouco maior do que a minha quinta! E é membro de pleno direito! A República Federal Alemã entrou nas Nações Unidas no ano de 1978, junto com outro país da zona de ocupação soviética, que então, ironicamente, se chamava Alemanha Democrática. Os dois entraram juntos nas Nações Unidas e criou-se um estatuto novo, o estatuto de “não membro de pleno direito”. Agora fala-se na reunificação alemã. Isso é uma grande mentira! A República Federal Alemã é trizoniana, porque, no fim da 2ª Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em sete parcelas. Uma parte (Prússia Oriental) foi anexada pela União Soviética; outra parte (também da Prússia Oriental) foi anexada pela Polónia; outra parcela da Prússia Ocidental foi anexada igualmente pela Polónia; o resto da Prússia Ocidental foi declarado zona de ocupação soviética, mais tarde transformada em Alemanha Democrática; e nas zonas ocidentais, tivemos a zona de ocupação britânica, zona de ocupação americana e zona de ocupação francesa. São sete parcelas ao todo. E nessas sete parcelas, as zonas britânica e americana juntaram-se e formaram então a bi-zona, em 1947. Em 1949 juntou-se uma parte importante da zona francesa, criando-se assim a tri-zona. Esta tri-zona foi criada em forma de país oficial, chamado República Federal Alemã, mas por baixo de uma série de sujeições das forças de ocupação. Há poucos anos ocorreu um acidente aéreo por cima de um dos aeroportos alemães. Tratava-se de uma demonstração aérea com aviões de diversas nacionalidades. Três caças italianos chocaram no ar exactamente por cima da tribuna principal. Morreram setenta e tal pessoas e mais de duzentas ficaram feridas. Foi uma enorme desgraça e logo choveram os pedidos de indemnização ao governo alemão por causa deste lastimoso acidente. E o governo alemão teve de reconhecer publicamente que não possui jurisdição sobre os aeroportos na Alemanha. Estes continuam a estar sob a jurisdição das forças aliadas. A Alemanha é o único país europeu da 2ª Guerra Mundial que não tem um tratado de paz. Todos os países que lutaram ao lado da Alemanha receberam um tratado de paz. A Finlândia tem tratado de paz; a Itália tem tratado de paz; a Roménia tem tratado de paz; a Bulgária tem tratado de paz. Todos têm, excepto a Alemanha. E isso cria um tal condicionalismo que, para os alemães, é altamente inconveniente ser-se alemão. Então, o que é que eles inventaram? Se nós - pensaram - como alemães somos os culpados de tudo, se como alemães não podemos sequer assumir a identidade alemã, então anulamos a identidade de todos e criamos uma nova identidade! É esta a Europa em que nós entrámos. E eu, pessoalmente, não concordo com esta Europa! A esperança do mundo reside no gene luso que, na devida altura, há-de ressurgir totalmente inesperado e irracional, mas com a capacidade inata de encontrar soluções e guiar os sobreviventes.

 Rainer Daehnhardt, in "Portugal - a missão que falta cumprir", Apeiron edições

A NATUREZA – O MAIOR E MAIS ACABADO SÍMBOLO




“A Natureza é o maior e o mais acabado símbolo que o homem pode alcançar e revela os seus mais íntimos segredos àquele que se revela a si mesmo intimamente, em profundidade. Todos os demais símbolos como os tarots no Egipto, os mandalas no Tibete, as representações das fases da obra alquímica, as cenas da Criação e as representações sobre a vida de Cristo nos templos cristãos, a cruz e a árvore da vida, etc., são os pedaços do puzzle mítico da criação e evolução do mundo que a consciência humana vai captando à medida que remonta o fio do tempo. O “filme” da génese e expansão do mundo realizado in illo tempore, no qual a vida do homem circunscreve-se a uma entre todas as inúmeras cenas, é passado ao inverso pela consciência humana que tem nos símbolos o registo dos diferentes momentos que são progressivamente por ela captados. “ – Eduardo Amarante
in "PORTUGAL - A MISSÃO QUE FALTA CUMPRIR"

PORTENTOSO FLUXO DE CONHECIMENTOS E ESPIRITUALIDADE




“O contexto histórico do século XII proporcionou o advento de São Bernardo. Para além deste vulto de génio também surgiu a Escola de Chartres que muito contribuiu para o renascimento da antiga maçonaria de tipo egípcio na Europa. Os Templários, cuja Ordem foi fundada nos inícios do século XII, vão-se inserir perfeitamente neste portentoso fluxo de conhecimentos e espiritualidade, ao assimilarem os conhecimentos que a Escola de Chartres lhes propiciou, conhecimentos esses baseados na fusão do que restou dos antigos Mistérios de Roma com os Mistérios druídicos. Havia a necessidade de uma organização que fosse a catalisadora de todo esse fluxo espiritual. Por um lado apareceu São Bernardo e, por outro, a Escola de Chartres, com a qual se deu início à construção das catedrais góticas, autênticos livros de pedra lavrada repletos de significado simbólico e esotérico. Ali estava todo um manancial de saber que, depois, irradiou um pouco por toda a Europa. Porém, a nível de organização propriamente dita, actuando no campo político e esotérico, surge a Ordem do Templo.” – Eduardo Amarante 

 in "PORTUGAL - A MISSÃO QUE FALTA CUMPRIR"

HÁ QUE RESGATAR OS NOSSOS SÍMBOLOS!



Se o sistema que hoje vivemos fosse bom;
se todos cumprissem bem o seu papel e as suas responsabilidades;
se houvesse de facto justiça, concórdia e oportunidades iguais para todos;
se não faltasse a moral nem uma espiritualidade viva… que recear do amanhã?!
Só reclama pão quem tem fome;
só reclama ordem quem se sente ameaçado;
só reclama espiritualidade quem não a encontra onde a esperaria encontrar.
Receia-se o futuro porque se fracassou e criam-se bodes expiatórios para ocultar o próprio fracasso.
Que receiam os Velhos do Restelo? O passado longínquo que fez grande a nação que é hoje Portugal. Os heróis da nacionalidade, os génios da política estratégica de então. Receiam, sobretudo, os filhos de Luso, aquela raça guerreira que não tinha medo de combater contra números desproporcionados de exércitos.


Actualmente, os nossos símbolos sagrados estão enterrados pela arte e o engenho das forças das trevas que apagam a identidade do povo. Há que resgatar os nossos símbolos! – Eduardo Amarante

SER PORTUGUÊS




Nasci na invicta cidade do Porto na já distante década de 50 no seio de uma família burguesa portuense. Meu pai era o único garante do sustento de uma casa onde viviam os meus pais, os meus 3 irmãos e eu, o meu avô paterno e tínhamos duas criadas, uma mulher-a-dias e costureira que providenciavam as nossas necessidades. Nada nos faltava: frequentávamos os melhores colégios do Porto e o Verão, ou passava em alguma casa de campo ou acompanhava a minha mãe às termas. Eram experiências enriquecedoras, pois se no primeiro caso tomava contacto estreito com a Natureza, as gentes do campo, os seus costumes e tradições, no segundo permitia-me conhecer o outro lado do homem, as suas doenças, a dor, a saúde, ou a falta dela, e os benefícios das terapias naturais. Tive uma infância e adolescência feliz, orientada por uma educação sólida dentro dos preceitos éticos e morais, pautada por uma certa rigidez, mais disciplinar, transmitida pela costela alemã de minha mãe. Porém, chegados os 17 anos algo mudou, algo perturbava-me, precisava de respostas que não encontrava sobre o papel que o mundo, o meu país, reservava para mim: “quem sou eu, de onde venho e para onde vou?” Estive uma semana em silêncio e não falava com ninguém, nem com a família. Meu pai mostrava-se preocupado e, uma vez, interpelando-me a sós com paciência e compreensão, percebeu o que se passava. Propôs-me que conhecesse o mundo para além dos Pirenéus. Naquele tempo muitos outros estavam a fazê-lo, saltavam a fronteira, inclusivamente amigos. E foi assim que, aos meus 18 anos feitos (1971), embarquei na aventura mais perigosa, na mais alucinante viagem de conhecer o mundo para além deste rectângulo; no fundo, conhecer-me a mim próprio, como português no mundo. Era a vontade de descobrir novos lugares, novas gentes, outros costumes, outras religiões… uma panóplia de emoções e sentimentos com que se constrói o nosso Ser face ao desconhecido. Conheci e vivi em Paris, Lyon (onde frequentei a universidade), Bruxelas Amesterdão, Antuérpia… tomando contacto com realidades e vidas nunca sonhadas, experimentando muitos dos benefícios, mas também malefícios de um progresso e liberdade tão almejados pelas gentes deste lado dos Pirenéus. Foi em Lyon que, com 19 anos, abracei um projecto que viria a alargar mais os meus horizontes: a Nova Acrópole, presente em mais de 50 países diferentes; de dirigente em Paris fui convidado pouco tempo depois, pelo fundador internacional Prof. Jorge Livraga, a abrir uma secção em Portugal. E assim aconteceu em Agosto de 1979. Mas os tempos mudam e o mesmo acontece com a vontade dos homens e, para mim, este projecto sucumbiu poucos anos antes do limiar do ano 2000. No entanto, não desejaria deixar de realçar o quanto foi importante para mim, durante esses largos anos, ter encontrado homens e mulheres que muito me enriqueceram como ser humano e como Português. Um desses homens foi Rainer Daehnhardt. Aquando da visita à exposição nas Amoreiras Lusitanos – Quem Somos organizada por Rainer Daehnhardt, em 1988, tive o privilégio de conhecer um grande português de origem luso-alemã que me tocou profundamente com o seu sentir e amor a Portugal, a ponto de se estabelecer desde então um respeito e uma amizade que perduram todavia. Assim, enquanto director da Nova Acrópole publiquei, na década de 90, vários trabalhos e livros de Rainer Daehnhardt sobre a temática da História de Portugal e os feitos dos seus heróis, que tiveram um forte e positivo impacto na opinião pública. Posso afirmar que, sem exagero, desde essa altura os portugueses ao tomarem conhecimento de alguns aspectos que desconheciam da nossa história, nomeadamente com as obras que tanto sucesso tiveram Páginas Secretas da História de Portugal, Missão Templária nos Descobrimentos, Homens, Espadas e Tomates, Mulheres de Armas e Coragem etc. se consciencializaram da sua importância na história e no papel que tiveram e têm no futuro da humanidade. Rainer Daehnhardt, nascido em 1941 em Viena de Áustria, em plena 2ª Guerra Mundial, sentiu na pele os horrores dos desvarios humanos, o que o levou, mais tarde, a tornar-se um dos maiores especialistas a nível mundial de armas antigas como meio de compreender os móbiles que conduzem o ser humano na sua capacidade quer de destruir, quer de construir. Descendente de uma família de diplomatas alemães radicados em Portugal desde 1706, Rainer Daehnhardt tem ascendência materna portuguesa, bem como cinco filhos nascidos em território luso. O seu amor por Portugal revelou-se cedo, identificando-se plenamente com o gene luso, no que ele tem de heroísmo, abnegação, capacidade de improviso, espírito de tolerância e sentido universalista, no seu entender, único no mundo. Estudou a fundo a nossa História, reunindo para tal um acervo documental notável, a que as futuras gerações terão acesso graças ao recém-fundado Museu Luso-Alemão. Como filósofo da História anteviu nas décadas de oitenta e noventa, com base em inúmera informação a que teve acesso, bem como à sua percepção do encadeamento natural dos factos históricos, a cruenta realidade dos nossos dias. Assim, ao lermos os capítulos deste livro, a maioria deles escritos há mais de 15 anos, consciencializamo-nos da actualidade dos mesmos e de quanta razão tinha o Autor, que nos vinha alertando para o que está, HOJE, a acontecer. A mensagem que Rainer Daehnhardt aqui nos deixa é que há que preservar a identidade portuguesa como garante da nossa sobrevivência como povo e da nossa missão no futuro. Tal como nos diz o Autor, “a fim de acordar a nossa juventude para a realidade do nosso passado, resolvi escrever este e outros livros relacionados com o tema, cumprindo assim a parte que me cabe, no campo da minha especialização, para que futuras gerações possam ter acesso à identidade portuguesa.” Ser português é um estado de alma que não se limita a uma geografia… é uma forma de SER e de ESTAR consigo próprio, na relação com a família, com os amigos, com o país e, numa forma mais ampla e universalista, no contacto com os outros povos. Porém, existe um outro lado mais nebuloso do Ser Português que, de quando em quando, se revela em forma de velhos do restelo que coarctam os mais audazes; é como se existissem dois tipos de portugueses com destinos diferentes, determinados na frase sibilina de que em Portugal nasce-se ou por castigo ou por missão. Na sequência do pensamento de Fernando Pessoa, Rainer Daehnhardt diz que existem dois tipos de portugueses. “Uma parte da população auto-intitula-se o primo pobre dos europeus, que vive do lado de cá dos Pirenéus, mas como é um primo julga ter um certo direito em receber alguma riqueza que se criou no centro da Europa. Assim, andamos de mãos estendidas à espera que nos atirem algumas migalhas, que nos mandem algum dinheiro para cá. Quem vive assim nasceu como escravo, para escravo e escravo será. A outra parte da população portuguesa não se identifica com esta forma de ser português. Identifica-se com o português que eu chamo PORTUGUÊS GLOBAL. São homens e mulheres que têm orgulho da sua identidade, que vêem a sua ascendência não só centenária portuguesa, mas milenária lusitana e que orgulhosamente se afirmam em qualquer parte do globo com a sua identidade portuguesa.” Os portugueses possuem dois sentimentos antagónicos: de serem herdeiros ou descendentes de um passado histórico glorioso e, simultaneamente, de estarem atolados desde há séculos num ambiente de mediocridade a vários níveis. Daí os poucos altos e os muitos baixos (em termos de auto-estima) em que nos encontramos quando vivemos, por necessidade ou conformismo, alapados no pequeno rectângulo do ocidente europeu. Só que o gene luso fala mais alto do que os murmúrios amargos do português mediano e conformado. E é este gene luso que, sentindo-se atrofiado perante tão redutoras perspectivas de vida e horizontes tão curtos, reage heroicamente, lançando-se na grande aventura da descoberta de novas terras e oportunidades, fazendo jus à memória dos seus ilustres antepassados. O Português global e universalista tem a capacidade inata de integrar e de se integrar no meio que o rodeia de forma pacífica e tolerante, desempenhando, muitas vezes inconscientemente, uma missão de fraternidade e solidariedade, dentro do espírito do chamado Quinto Império a cumprir. Apercebi-me que o “Ser Português” não se conforma com horizontes estreitos. Nesse sentido, quis, já em idade madura, ver “Portugal de fora”, ou melhor dito, abraçar o Portugal Global, exilando-me voluntária e temporariamente no Brasil, percorrendo-o de norte a sul, para aí poder sentir o palpitar da Lusitanidade naqueles que, estando distantes da Pátria-Mãe, não deixam de ter orgulho em falar e, diria mesmo, em ostentar o nome de Portugal. E isso porque se identificam com os valores, a história e as tradições do nosso País. Têm uma percepção grandiosa do mesmo. À distância tem-se uma visão mais global e unificadora. As pequenas coisas, os actos mesquinhos reduzem-se a pouco mais que nada; pelo contrário, as grandes coisas, os grandes feitos, as qualidades intrínsecas ao povo sobressaem como fachos luminosos que incendeiam o nosso ser e elevam até ao infinito os nossos corações (outro símbolo de Portugal) e a nossa auto-estima. O gene luso, espalhado pelo mundo, ao contrário do que sucede no Portugal europeu, está mais vivo e compreende melhor o que é a Pátria e a missão a ela inerente, talvez devido à dor da ausência que desperta sentimentos olvidados e à própria “fibra” que caracteriza os pioneiros e os aventureiros do mais além... A capacidade de união da diáspora lusa é natural e bem maior do que na Metrópole e o seu entusiasmo e convicção aguardam o grande Apelo que terá de partir da Pátria-Mãe. Só falta soar o clarim! - Eduardo Amarante


O REGRESSO AO SAGRADO

"Falar sobre o Sagrado nos dias de hoje não é tarefa fácil, porquanto vivemos numa sociedade fortemente comercialista que tudo consome, até mesmo a literatura mais profundamente religiosa e espiritual. Tudo é pretexto para se fazer comércio. Quando assim acontece resulta difícil a verdadeira comunicação entre as pessoas, pois a margem é perigosamente estreita para se falar daquilo que é essencialmente importante: a nossa identidade humana, o que somos, o que queremos e para onde vamos.
A clássica atitude filosófica do espanto, da humildade, em suma, do amor à sabedoria, são virtudes hoje praticamente descartáveis. Porém, são estas mesmas virtudes primárias que nos possibilitam o retorno às Coisas Sagradas. Há que ter a consciência de que o homem sem a dimensão do sagrado perde a sua própria identidade de Ser." - Eduardo Amarante




EM DEFESA DA NOSSA IDENTIDADE



"As gerações de hoje deverão ter a coragem, a determinação necessária para defenderem o seu património histórico, a sua identidade, a sua enriquecedora diferença em relação a outras culturas, a outras identidades, para que no futuro todos possam beneficiar de uma autêntica e salutar convivência mútua, respeito e verdadeira fraternidade. Apesar do mito actual, recém-formado, do mundo global (que em termos práticos é a desagregação da identidade das nações), é necessário engenho e coragem política para lutar com honra e verdade contra quem quiser submergir qualquer nação que seja na teia de interesses inconfessáveis que anulam no ser humano a sua dimensão histórica e espiritual." - Eduardo Amarante

OS TEMPOS QUE AÍ VÊM...


“Os ideais de progresso material do século passado falharam.

O progresso actualmente está em regressão: fecham-se fábricas, aumenta o número de desempregados, escasseiam a energia e as matérias-primas; as habitações (muitas por estarem com preços inflaccionários), as escolas, os hospitais, etc., não acompanham o ritmo de crescimento demográfico; as condições de vida degradam-se paulatinamente; o aumento da delinquência torna-nos, dia para dia, mais inseguros e desconfiados; o espectro de uma guerra nuclear obriga alguns governos, e também muitos particulares, a gastarem avultadas somas de dinheiro na construção de abrigos, quantias essas que, se não se alimentassem as guerras, poderiam muito bem ser canalizadas para o combate efectivo à fome e à miséria humanas.
Assim, a crise do sistema é total, estando este caduco porque se revelou incapaz de resolver os problemas básicos da existência humana. O suporte para a sobrevivência humana falhou. Em vão se dilapidaram as energias e as potencialidades herdadas. A insegurança, o descrédito e a incapacidade das pessoas para a resolução dos seus problemas faz-nos antever a queda próxima desta civilização e a mais que provável regressão a novas formas de tipo medieval ou mais atrasadas ainda. Daí que alguns filósofos da História afirmem que a actual humanidade está às portas de uma Nova Idade Média. Os sinais apontam nesse sentido. O vazio de poder, o derrube das velhas ideologias de esquerda/direita, os separatismos/radicalismos, as “limpezas étnicas” e as demais mazelas que sacodem a vida social dos cidadãos do mundo geram uma crise e um desafio, sem precedentes, para as mentes esclarecidas que, no 3º milénio, se vêem na necessidade de, se não debelar o mal que as agita, pelo menos minorar os seus efeitos.
Do mesmo modo que após a queda do Império Romano surgiu a Idade Média, também a nova Idade Média surgirá - não com as mesmas características daquela que nós conhecemos na História - após a queda irreversível deste modelo de civilização.
Outro sistema virá substituir este. Não é por acaso que, actualmente, alguns políticos da União Europeia já falam e, mais do que isso, já estão a construir afanosamente a sua própria fortaleza: a “fortaleza” Europa. Outras fortalezas, de dimensões mais pequenas, se erguerão em breve noutros cantos do globo. Caiu o muro de Berlim, mas outros muros se levantarão.” – Eduardo Amarante
in "PORTUGAL - A MISSÃO QUE FALTA CUMPRIR", Eduardo Amarante / Rainer Daehnhardt

PERIGO: A MORTE DA RAZÃO

“São inegáveis os perigos que se produzem quando um povo atravessa um período de desculturalização massiva. Vemos através dos exemplos que a História nos dá que este é um fenómeno cíclico e geralmente de consequências mais ou menos dolorosas e, não raras vezes, gera movimentos fanáticos das massas que, invariavelmente, são brutais e inconsistentes, sempre de resultados nefastos.
Estes movimentos, conduzidos por um ou mais líderes sem escrúpulos, cheios de ânsia de poder e de opressão sobre os demais, e hábeis na manipulação psicológica das massas, caracterizam-se pela exaltação do ódio, da inveja e da contestação nestas últimas e estão impregnados de violência e de destruição.
A arma utilizada por estes líderes de um mundo material e ateu é, precisamente, a aniquilação do senso comum natural, presente em todos os homens, e a desculturalização geral dos indivíduos segundo planos, aliás, muito bem orquestrados. Esta desculturalização funda-se numa desagregação gradual dos índices de informação, de conhecimento, de valores morais e sociais e, sobretudo, numa crescente falta de convívio e de diálogo entre os homens e Deus. Para tomarmos consciência disto, bastaria lermos friamente e sem preconceitos sobre pretensas oposições de “direita” e “esquerda” (clichés muito utilizados) que fazem parte de um plano que Lenine escreveu nos inícios do século XX para a penetração ideológica comunista no Ocidente. Este plano tinha como base a eliminação progressiva dos valores como Deus, a Pátria, a Família e o culto aos antepassados.
Efectivamente, as frases estereotipadas e sem conteúdo, mas bem sonantes, as promessas irrealizáveis e a lavagem ao cérebro através de repetições sucessivas sobre pretensas “conquistas”, como a democracia, a liberdade, a igualdade, o direito ao trabalho e ao ensino, etc., produzem sempre um efeito hipnotizante nas massas, que se vêem docilmente envolvidas neste jogo de vocábulos que não entendem. A arte deste aparelho invisível, que possui de facto as rédeas do poder, utilizando as massas para os seus fins pessoais de poder e lucro, consiste precisamente em fazer pensar ao povo que sabe e entende e que tem o direito de exprimir a sua opinião...” – Eduardo Amarante

in "PORTUGAL - A MISSÃO QUE FALTA CUMPRIR", Eduardo Amarante / Rainer Daehnhardt

INSATISFAÇÃO...


"A característica insatisfação do Português resulta de ainda não ter cumprido em pleno algo a que está destinado, de ter deixado o trabalho inacabado. O desânimo não é mais do que o estado de alma que experimenta nos momentos de crise anímica profunda, pela ausência de ideais superiores, sentindo então um vazio de motivações, aliado a um descontentamento em relação a si próprio, por não se sentir capaz, no momento, de abraçar o destino para que foi forjado. Porém, o Português não pode, porque está estigmatizado, viver sem a presença, real ou imaginária, do Mito do Quinto Império, gravado a fogo nas Cinco Quinas da Bandeira Nacional.
Recordando nós que o mito é um relato que contém uma verdade, o Quinto Império é uma realidade a ser cumprida e essa é uma verdade que constitui algo de profundamente atávico no inconsciente colectivo do povo português. Isto quer dizer que o Português - aquele que ama e sente a sua pátria e se identifica com os seus antepassados históricos e míticos -, quer queira, quer não, tem o estigma do Quinto Império e no seu subconsciente sente-se directamente comprometido com a sua realização." - Eduardo Amarante

LANÇAR SEMENTES À TERRA PARA CUMPRIR A MISSÃO…



"Lançar à terra sementes para o futuro em tempo tão adverso quanto este em que vivemos, não é tarefa fácil, pois, hoje, e à semelhança do que aconteceu em outras épocas do passado, existem forças que impelem e lançam os seres humanos (e, por inerência, as nações) para várias direcções, perdendo-se, momentaneamente, o objectivo anteriormente traçado. É o desvario e cada qual tenta remediar o prejuízo da melhor maneira que pode e sabe. A este propósito lembro um trecho de Fernando Pessoa que diz o seguinte:
“Uma nação, em qualquer período, é três coisas: a primeira é uma relação com o passado; a segunda uma relação com o presente, nacional e estrangeiro; a terceira, uma direcção para o futuro. Assim, em todos os períodos, há forças que tendem a manter o que está, forças que tendem a adaptar o que existe às condições presentes, e forças que tendem a dirigir o presente para um norte previsto, visionado no futuro. Não se trata aqui de partidos políticos, mas de íntimas forças nacionais”.
Que forças são essas que nos projectam de um lado para o outro e confundem o nosso ponto de orientação? Se umas são do foro colectivo do povo, como sejam as nossas individualidades e identidades próprias, outras, porém, mais recentes (e talvez não tanto), são de outro tipo, visto serem importadas do exterior, imbuídas de elementos estranhos e totalmente alheios às nossas milenares tradições, que nos transpõem para outra realidade que nos é desconhecida. É o novo desafio, sem dúvida ameaçador, que se apresenta no nosso dia a dia e nos lança para uma nova aventura: a de sempre (re)descobrir-se como povo que é, com capacidade para conseguir levantar-se e renovar-se a cada momento na resolução dos problemas mais difíceis. E, neste caso muito concreto, o futuro para nós, como povo português, com uma identidade muito própria, é saber qual a possibilidade de realizar a almejada 3ª missão de Portugal no mundo.
Será possível que, com o desconcerto que vemos espalhar-se pelo mundo actual, Portugal possa pretender cumprir a missão que alimenta a alma dos poucos lusos que ainda lutam e resistem aos novos ventos de um mundo globalizante? Esta é uma pergunta que várias pessoas colocam e cuja resposta foi, de facto, o maior desafio que alguma vez me foi colocado, pois a pergunta vive oculta e pulsa no interior de cada português, aguardando a resposta que o faça vibrar, sonhar."
Eduardo Amarante

A LENDA DOS CHEROKEE



Conhecem a lenda dos índios Cherokee sobre o rito de de passagem da juventude?
O pai leva o filho para a floresta, de olhos vendados, e deixa-o sozinho. Ele é obrigado a sentar-se no tronco de uma árvore durante toda a noite e não remover a venda até os raios do sol brilharem pela manhã. Não pode gritar nem pedir socorro a ninguém. Só após ter sobrevivido à noite, é que se transforma num homem.
Ele não pode contar aos outros meninos a sua experiência, porque cada jovem deve ser entronizado individualmente na sua própria masculinidade.
O menino estava naturalmente apavorado. Ele podia ouvir todos os tipos de ruídos, animais selvagens à sua volta. Talvez até mesmo alguns humanos a querer fazer-lhe mal. O vento soprava a relva e a terra, e sacudiu o tronco onde estava sentado, mas ele permaneceu impassível, sem nunca retirar a venda. Era a única maneira de se poder tornar um homem!
Finalmente, depois de uma noite horrível, o sol apareceu e o menino tirou a venda dos olhos. Foi então que viu o pai sentado no tronco a seu lado. Ele tinha estado ali a noite inteira, protegendo o seu filho do perigo.
Nós também nunca estamos sozinhos. Mesmo quando não sabemos, Deus está a olhar por nós, sentado no tronco ao nosso lado.
LEMBRE-SE SEMPRE: Só porque não podemos ver Deus, isso não significa que ele não esteja lá.

AS SETE VIRTUDES DO CAVALEIRO - Ideal da Cavalaria


"Todo o cavaleiro deve saber as sete virtudes, raiz e princípio dos bons costumes. São elas: fé, esperança, caridade, justiça, prudência, fortaleza e temperança. 


• Pela fé, o cavaleiro vê espiritualmente Deus e as suas obras, crendo, desse modo, nas coisas invisíveis. Empunha a arma contra os inimigos da cruz e contra os maus que, por falta de fé, menosprezam os outros homens e os espoliam; 



• Pela esperança, o cavaleiro lembra-se de Deus na batalha e nas atribulações. Com esta virtude ressurge e fortalece-se a coragem do cavaleiro, fazendo-o aventurar-se nos perigos em que se mete; em suma, fá-lo suportar a fome e a sede nos castelos e nas cidades que defende quando estes são assediados; 



 • Pela caridade, o cavaleiro amará a Deus e terá piedade dos homens infortunados e mercê de homens vencidos que pedem clemência. A caridade é o amor que torna leve o grande cargo da Cavalaria; 



• Pela justiça, o cavaleiro é equânime e defende o bem contra o mal, a liberdade contra a opressão. A Cavalaria fundamenta-se na justiça; por isso, o cavaleiro que se faz a si próprio injurioso e é inimigo da justiça, renega e descrê da Ordem de Cavalaria; 



• Pela prudência, o homem tem conhecimento do bem e do mal e possui a necessária sabedoria para amar o bem e lutar contra o mal. A prudência confere ao cavaleiro a mestria para evitar os danos corporais e espirituais. Muitas batalhas são vencidas mais por mestria e sensatez do que por grandes exércitos; 



• Pela fortaleza, o cavaleiro é virtuoso, capaz de enfrentar e sair vencedor dos sete vícios ou pecados que o afastam do ideal da Cavalaria. São eles: gula, luxúria, avareza, preguiça, soberba, inveja e ira; 



• A temperança é a virtude que está no meio de dois vícios: o pecado por excesso de grandeza e o outro que é o pecado por defeito. “Nada em excesso”, diziam os sábios gregos. O cavaleiro deve ser temperado em ardor e em comer, em beber, em falar, em vestir e em gastar, e em todas as outras coisas semelhantes a estas. Sem temperança não pode manter a honra da Cavalaria." 


 in Eduardo Amarante, "Templários", Vol. 1

O SONHO

"O sonho, que é a essência do ser português, move este último no sentido da realização, mas as suas raízes estão no mundo do Espírito. Neste sentido, a tríade pessoana de “Deus Quer / O Homem Sonha / A Obra Nasce” tem a sua representação simbólica no triângulo formado, de cima para baixo, pelo Mundo dos Arquétipos ou do Espírito, pelo Mundo da Psique ou da Alma e, por fim, pelo Mundo da Matéria, da plasmação da Ideia, do Arquétipo, do ensinamento esotérico. Quando o Sonho é suficientemente grande e forte nasce a capacidade de agir, de se manifestar. Então a “Obra nasce”. Eis aí o Lugar Mágico por excelência, que não pode ser compreendido sem essas três chaves interpretativas ou atributos logóicos do Universo.


Tal como o macrocosmos, o homem, como microcosmos, é formado pelas mesmas três realidades, ou três mundos: 1) A realidade arquetípica ou espiritual que lhe é quase inacessível; 2) A realidade psíquica da Alma; 3) E a realidade física, em que a Alma está na encruzilhada, crucificada, entre o mundo espiritual ou arquetípico, representado pela linha vertical, e o mundo fenoménico, material ou físico, representado por uma linha horizontal. A intersecção destas duas linhas forma o símbolo iniciático da cruz. Por vezes, encontramos em muitos templos, na intersecção da nave com o transepto (homem de braços abertos, cuja cabeça é simbolizada pela ábside), um coração ou algo equivalente como, por exemplo, uma rosa, que representa o renascer, o corolário da nossa evolução, o reencontro com a nossa Alma imortal." Eduardo Amarante

A RELIGIÃO DOS LUSITANOS



“A religião dos Lusitanos era panteísta, sendo mais que provável a existência de um “colégio” sacerdotal à semelhança do druidismo c
elta. Adoravam as forças naturais, praticando através de ritos, festas e fórmulas a magia e a fisiolatria. Esta última distingue-se da idolatria na medida em que não adoravam os objectos em si como as figuras, amuletos, etc., e sim o espírito neles contido ou representado. Cultuavam o Sol, a Lua, as estrelas, os ventos, as tempestades, os montes, as grutas, os rios, etc. O panteão lusitano apresenta inúmeras divindades da terra e da fecundidade. A mulher e a terra-mãe estavam ligadas ao culto da sagrada fecundidade. O culto às divindades ctonianas fazia-se em cavidades subterrâneas. Também tinham locais de culto em santuários situados no cimo dos montes ou junto às nascentes. Neles existia o thesaurus, área reservada à deposição de oferendas.

Os templos estavam quase sempre formados por grandes blocos de pedra não polida, abertos ao céu. As suas formas cultuais realizavam-se em torno de uma árvore sagrada: o carvalho ou azinheira, como aliás também acontecia com os druidas celtas.

in Eduardo Amarante, Universo Mágico e Simbólico de Portugal"

GUALDIM PAIS E A FUNDAÇÃO DA CIDADE DE TOMAR



1 de Março de 1160 – Dia da Fundação de Tomar 

Em 1160, D. Gualdim Pais fundou no alto do morro que fica em frente à antiga Sélio, situado próximo das margens do rio Nabão, o castelo que havia de ser a sede da Milícia, assim como a vila que viria a chamar-se Tomar, nome tomado da denominação que os Árabes davam ao rio.[1]

Gualdim Pais fora um antigo companheiro de armas de D. Afonso Henriques, tendo, aos 21 anos, participado na batalha de Ourique, onde foi armado cavaleiro. Partiu de seguida como cruzado para a Palestina, onde se distinguiu na importante batalha de Áscalon e na tomada de Sídon. Teria estado no cerco de Gaza e realizado prodígios lendários. Na Terra Santa ingressou na Ordem do Templo, onde os seus méritos o fizeram ascender aos altos cargos da hierarquia templária. Inspirado no espírito interno da Ordem e compenetrado da sua dupla missão, material e espiritual, regressou como monge-guerreiro a Portugal, tendo sido nomeado comendador em Braga e depois em Sintra, sob o mestrado de D. Pedro Arnaldo. Quando este renunciou, em 1157, Gualdim Pais[2] tornou-se mestre da Ordem do Templo em Portugal.[3]

D. Afonso Henriques tinha um profundo apreço pelo Mestre da Ordem e não foi por mero acaso que em 1157 fez doação de muitos bens a Gualdim Pais, passando no ano seguinte a carta de imunidade para a Ordem do Templo.

Assim, entre as vastas terras que possuía conta-se Ceras, junto à antiga Nabância, com todo o seu vasto termo, desde o Mondego ao Tejo, correndo pela linha do Zêzere. Como o castelo de Ceras, próximo de Tomar, estava arruinado, Gualdim Pais optou pela edificação de uma nova fortaleza em Tomar. Ali projectou instalar a sede principal da Ordem, até então em Braga. Foi a 1 de Março de 1160 que Gualdim lançou a primeira pedra para a construção do castelo de Tomar, futura sede da Ordem do Templo em Portugal.

In Eduardo Amarante, “Templários”, Vol. 2, “A Génese de Portugal no Plano Peninsular e Europeu”




[1] Procedendo ao povoamento do lugar, um besteiro – conta a tradição – ter-se-á oferecido a Gualdim Pais para lhe indicar um local que ele dizia ter sido em tempos remotos “uma mui nobre cidade dos cristãos, chamada Nabância”, terra de Santa Iria, onde houvera um mosteiro de frades dos regrados, isto é, de S. Bento, e uma “fortaleza dos cristãos”. Portanto, povoação, castelo e mosteiro já não eram novos em Tomar e foram reutilizados pelos cavaleiros templários.
De acordo com as tradições visigóticas, Tomar era um ponto telúrico extremamente forte e a sua região (que se estendia até Alcobaça e Óbidos, passando por Leiria) era assaz propícia às empresas de ordem espiritual (incluindo nesta a investigação), bem como à prosperidade material, graças à fertilidade das suas terras.
[2] Ainda que não haja certezas a esse respeito, é provável que Gualdim Pais tivesse ascendência borgonhesa e fosse filho de Hugo de Payns (um dos cavaleiros fundadores da Ordem do Templo e Mestre da mesma Ordem). Pais seria, então, o aportuguesamento da palavra Payns.
No entanto, há autores que defendem que seria filho do barão Paio Ramires. O Livro de Linhagens, atribuído ao conde D. Pedro, dá-lhe por mãe D. Gontrode Soares; porém a sua autoridade é discutível, tanto mais que são nele constantes as confusões e erros de filiação e consórcios.
[3] A este respeito não há opinião unânime sobre a ordem cronológica dos Mestres da Ordem do Templo em Portugal. Há autores que referem que Gualdim Pais foi o primeiro (em 1126), outros, porém, que é o segundo ou o quarto. Para A. Quadros, ele foi, em 1158, o sexto.
A crer-se em autores como Fr. António Brandão, Gualdim Pais já em meados de 1126 era Mestre da Ordem do Templo em Portugal. Isto quereria dizer que estava, portanto, introduzida em Portugal esta Ordem, fundada não havia uma década. Esta data é, porém, discutível, uma vez que, tomando a defesa da praça de Tomar em 1190, este “duro velho”, como lhe chama Alexandre Herculano, teria então mais de 80 anos, o que parece pouco provável, mas não impossível.