OPHIUSSA, TERRA DAS SERPENTES


Avieno, na Ora Marítima, ao referir-se à Península Ibérica, conta o seguinte:
“Dizem que Ophiussa é tão larga como a ilha de Pélope, na Grécia. Chamou-se-lhe primeiro Oestrymnia, porque habitaram esses lugares e campos os oestrymnios; depois, enormes quantidades de serpentes obrigaram os seus habitantes a fugir e a receber novo nome”.
Com isto Avieno terá pretendido assinalar que a Península Ibérica trocou o seu antigo nome quando, após uma invasão, foi dominada por novos habitantes. É evidente que Avieno, quando se refere a serpentes, fá-lo alegoricamente. Sendo a serpente um símbolo da sabedoria, o geógrafo latino referia-se a seres humanos muito sábios que, a um dado momento da história remota, habitaram os lugares peninsulares, após os terem conquistado.
No norte de Portugal, na Galiza e nas Astúrias abundam as tradições que falam de cavernas com tesouros guardados por serpentes. Esta é a guardiã de segredos. Por exemplo, no Egipto, os faraós exibiam o símbolo da serpente (Oreus) na fronte como sinal do seu poder. Também encontramos a figura da serpente no caduceu de Hermes (Mercúrio) e com bastante interesse a vemos representada na imagem com pés de serpente que aparece num dos selos da Ordem do Templo (o Abraxas), por baixo da inscrição “Secretum Templum.”
Eduardo Amarante