A ALIANÇA ENTRE AS CASAS DE BORGONHA E DE AVIS


Foi dentro do espírito ecuménico – de que a Demanda do Preste João era a faceta visível – que Jorge, o embaixador do Négus da Abissínia esteve em Lisboa em 1451, a convite de D. Afonso V. Após permanecer um tempo na capital portuguesa, foi enviado pelo Rei de Portugal a Filipe o Bom, Duque da Borgonha, seu tio pelo casamento com D. Isabel de Avis (filha de D. João I e de D. Filipa de Lencastre).
Este matrimónio é de uma importância ímpar na história de Portugal, pois restabelece a aliança entre as Casas de Borgonha e de Avis, permitindo a prossecução dos fins para que Portugal foi pensado e criado, sob a inspiração de S. Bernardo de Claraval, um dos filhos da Borgonha.
Com um outro de seus filhos, D. Afonso Henriques, Portugal encetou o cumprimento da primeira das três missões a realizar. Com esta nova (ou renovada) aliança, Portugal abria as portas da Gália/Germânia, mediante as enfunadas velas da Cruz de Cristo, ao pleno desempenho da sua segunda missão e à tentativa da consumação do Quinto Império, ou terceira missão. “O homem põe e Deus dispõe”; entendeu a Providência que não era ainda chegada a hora, como veremos adiante, para que tal se concretizasse.
É no ano de 1467 que D. Isabel de Avis, Duquesa de Borgonha e de Brabante, perde o seu marido, Filipe o Bom, e em que o seu filho, Carlos o Temerário, se torna senhor do mais rico ducado da Europa. Este último, agora Duque de Borgonha e de Brabante, era primo direito de D. Afonso V e neto de D. João I.
Desde D. Isabel e seu filho Carlos o Temerário que correu sangue português na Casa de Borgonha, como in illo tempore, ou seja, nos tempos da fundação de Portugal, correra nos nossos primeiros reis e seus descendentes.
A aliança num mesmo destino
A Duquesa Isabel – última sobrevivente da Ínclita Geração – e seu filho Carlos o Temerário selaram a união no mesmo destino das Casas de Borgonha e de Avis, representadas como irmãs no famoso Políptico atribuído a Nuno Gonçalves.

in "Templários - de Milícia Cristã a Sociedade Secreta", VOLUME 4: de Milícia Cristã a Sociedade Secreta - Do Portugal Atávico ao Segredo do Quinto Império