A TÁVOLA REDONDA


Artur reunira sua corte em Londres. Acabara de aceitar o desafio de Riondas Ilhas quando um velho cego, que cantava acompanhada de uma harpa, solicitou a honra de levar as insígnias do rei na expedição, Artur recusou: - Você é cego, meu amigo! Nesse momento, diante de todos, o harpista transformou-se num encantador menino de oito anos, e todos compreenderam que Merlin, mais uma vez, pregara uma peça nos amigos. Retomando sua forma e seriedade, o mago fez aparecer uma grande mesa redonda, cercada por cento e cinquenta cadeiras.
- Em volta dessa mesa - disse Merlim -, irão sentar-se os cento e cinquenta melhores cavaleiros do mundo. Algumas cadeiras já trazem gravados a ouro, os nomes de alguns de vocês: Gawain e seu irmão Yvain, Sagremor, Galecin, o rei Helain e todos os que ajudaram Artur a defender o reino. Esta mesa é redonda para que nunca haja discussão sobre a importância de um único cavaleiro. Mas a cadeira situada a direita do rei está reservada a um único cavaleiro. Qualquer outro que nela se sentar será imediatamente engolido pela terra. Por isso chama-se Cadeira Perigosa. A esse cavaleiro eleito caberá uma santa missão. Fez uma pausa e prosseguiu: - Vocês sabem que, no dia em que Jesus foi crucificado, um romano convertido, José de Arimateia, recolheu o sangue de suas chagas numa taça, o Graal. Essa taça preciosa foi levada para a Grã-Bretanha pelos descendentes de José, que a esconderam num castelo. Só o cavaleiro que a encontrar poderá ocupar a Cadeira Perigosa. Os cavaleiros escutavam Merlim, em silêncio. Depois, Gawain tomou a palavra e fez um juramento:
- Juro socorrer qualquer dama ou donzela que venha a esta corte pedir auxílio. Juro socorrer qualquer homem que tenha queixas de um cavaleiro. Juro partir em busca de qualquer um de nós que desapareça, e minha busca deverá durar um ano e um dia. Em seguida, todos os outros cavaleiros repetiram o juramento. Assim foi criada a Ordem dos Cavaleiros da Távola Redonda.

O MITO DO QUINTO IMPÉRIO

NO IMAGINÁRIO PORTUGUÊS


"A característica insatisfação do Português resulta de ainda não ter cumprido em pleno algo a que está destinado, de ter deixado o trabalho inacabado. O desânimo não é mais do que o estado de alma que experimenta nos momentos de crise anímica profunda, pela ausência de ideais superiores, sentindo então um vazio de motivações, aliado a um descontentamento em relação a si próprio, por não se sentir capaz, no momento, de abraçar o destino para que foi forjado. Porém, o Português não pode, porque está estigmatizado, viver sem a presença, real ou imaginária, do Mito do Quinto Império, gravado a fogo nas Cinco Quinas da Bandeira Nacional.

Recordando nós que o mito é um relato que contém uma verdade, o Quinto Império é uma realidade a ser cumprida e essa é uma verdade que constitui algo de profundamente atávico no inconsciente colectivo do povo português. Isto quer dizer que o Português – aquele que ama e sente a sua pátria e se identifica com os seus antepassados históricos e míticos –, quer queira, quer não, tem o estigma do Quinto Império e no seu subconsciente sente-se directamente comprometido com a sua realização.

Essa tarefa, ou melhor, missão, já está em curso e a sua plasmação no plano físico far-se-á sentir num futuro não muito distante. É uma obra de tal envergadura que o seu processo já se iniciou nos planos subtis, aí onde se travam titânicas batalhas entre as forças da Luz e as forças das Trevas, entre as forças da evolução espiritual e as forças da estagnação materializante. E, na hora da sua consumação neste plano terrestre, será chamado a intervir o génio português com as suas qualidades ímpares e os seus defeitos sublimados e sacrificados no altar dos mais altos Valores."

Eduardo Amarante

DECLARO-ME VIVO !



"Saboreio cada momento.

Antigamente preocupava-me quando os outros falavam mal de mim. Então fazia o que os outros queriam e a minha consciência censurava-me. Entretanto, apesar do meu esforço para ser bem educado, havia sempre alguém que me difamava.
Como agradeço a essas pessoas, que me ensinaram que a vida é apenas um cenário. Desse momento em diante, atrevo-me a ser como sou. A árvore anciã ensinou-me que somos todos iguais. Sou guerreiro: a minha espada é o amor; o meu escudo é humor; meu esforço para ser bem educado, havia sempre alguém que me difamava. Como agradeço a essas pessoas, que me ensinaram que a vida é apenas o meu espaço é a coerência; o meu texto é a liberdade. Perdoem-me se a minha felicidade é insuportável, mas não escolhi o bom senso comum. Prefiro a imaginação dos índios, que tem embutida a inocência. É possível que tenhamos de ser apenas humanos. Sem Amor nada tem sentido, sem Amor estamos perdidos, sem Amor corremos de novo o risco de estarmos a caminhar de costas para a Luz. Por esta razão é muito importante que apenas o Amor inspire as nossas acções. Anseio que descubras a mensagem por detrás das palavras; não sou um sábio, sou apenas um ser apaixonado pela vida. A melhor forma de despertar é deixar de questionar se as nossas acções incomodam aqueles que dormem ao nosso lado. A chegada não importa; o caminho e a meta são a mesma coisa. Não precisamos correr para nenhum lugar, apenas dar cada passo com plena consciência. Quando somos maiores do que aquilo que fazemos, nada nos pode desequilibrar. Porém, quando permitimos que as coisas sejam maiores do que nós, o nosso desequilíbrio está garantido. É possível que sejamos apenas água fluindo; o caminho terá de ser feito por nós. Porém, não permitas que o leito escravize o rio; ou então, em vez de um caminho terás um cárcere. Amo a minha loucura que me vacina contra a estupidez. Amo o Amor que imuniza contra a infelicidade que prolifera, infectando almas e atrofiando corações. As pessoas estão tão acostumadas com a infelicidade que a sensação de felicidade lhes parece estranha. As pessoas estão tão reprimidas que a ternura espontânea as incomoda e o amor lhes inspira desconfiança. A vida é um cântico à beleza, uma chamada à transparência. Peço-vos perdão, mas… DECLARO-ME VIVO!"

Luiz Espinosa (Chamalú), índio quechua, escritor boliviano que procura restaurar os antigos conhecimentos esotéricos dos Incas.

A ROSA MÍSTICA E A TERCEIRA MISSÃO

É nos momentos difíceis que o Português revela o que de melhor tem dentro de si.
Quando, por todo o mundo, o Papa e a Igreja são ferozmente atacados, Portugal acolhe com a sua proverbial hospitalidade e, mais do que isso, com o seu coração místico, Bento XVI, dando testemunho vivo da sua genuína espiritualidade e da sua grandeza de alma. Quando os outros vilipendiam e enterram, Portugal eleva e glorifica.
Com a visita Papal, Portugal recebeu de Bento XVI uma inestimável mensagem de esperança, mas também deu a Sua Santidade todo o seu fervor místico, assente na sua natural vocação humanista e universal.
Num mundo cada vez mais globalizado no materialismo, Portugal reafirmou a contra-corrente de um espiritualismo que se quer universalista. É um reduto de esperança num mundo que se desmorona sem fé e sem crenças.
Bento XVI, ainda no avião e antes de pousar em solo lusitano, assinalou que o maior inimigo da Igreja e da Fé cristã reside no seu próprio seio e também disse explicitamente que o perdão cristão não substitui a justiça, condenando inequivocamente as nódoas pecaminosas de ovelhas transviadas.
Já em terra, captando a atmosfera mística da Terra de Santa Maria e absorvendo as energias telúricas de Belém e do Terreiro do Paço, que deixavam transparecer toda a força da seiva lusitana espalhada pelos quatro cantos do mundo através da segunda Missão cumprida pela Ordem de Cristo nos Descobrimentos, Bento XVI, um filósofo místico alemão, convocou os Portugueses para o cumprimento da Terceira Missão, exortando-os a que a levem a cabo e dando-lhes o testemunho e instrumento simbólico-esotérico que, em linguagem cristã, corresponde ao selo e à bênção do Pontífice da civilização cristã.
Em primeiro lugar, e defronte do simbólico cais das colunas, de onde partiram as nossas naus e caravelas a espalhar a fé cristã por todo o orbe – e se mais mundos houvera – o místico alemão exortou Portugal a ser o garante da fé cristã numa Europa de raízes e tradições cristãs;
Em segundo lugar, convocou Portugal para, de novo, dar novos mundos ao mundo, agora com as caravelas do espírito;
Em terceiro lugar, seguindo o exemplo da Ordem de Cristo e dos seus antecessores Templários, o Pontífice da cristandade reiterou a vocação ecuménica dos Portugueses, a sua capacidade de entendimento com os outros povos e culturas, a sua tolerância e sentido da solidariedade para exortar Portugal ao encontro espiritual com os crentes de outros credos religiosos, fazendo lembrar que o Pai celestial ou Deus-Pai é comum a todos os povos da Terra.
Em quarto lugar, reafirmou o sagrado vínculo espiritual, tão exaltado por São Bernardo de Claraval, de Portugal a Santa Maria, Nossa Senhora. E, neste sentido, reconheceu o lugar mágico e sagrado de Fátima, como o centro catalisador e emissor da poderosa energia espiritual que daí irradiará para o mundo.
Em quinto lugar, o Pontífice estabeleceu uma ponte entre o mundo terreno e o mundo celeste, entre o profano e o sagrado, assinalando a natureza espiritual do homem e os alicerces em que deve assentar: A Verdade, o Bem e o Belo. Esta é a tríplice chave para a nossa conduta espiritual no mundo da existência material, chave essa que nos libertará, aproximando-nos do Divino.
Em sexto lugar, o Papa consagrou Portugal no cumprimento da sua missão espiritual, depositando no seio do mais potente foco de energia espiritual em actividade, a “Rosa de Ouro”, isto é, a Rosa mística com um coração no seu interior, sobreposta à Cruz de Cristo.
Em sétimo lugar, Bento XVI apelou perante milhões de fiéis à seiva lusitana para levar novos mundos espirituais a um mundo cada vez mais descrente e dessacralizado e, com isso, despertou ancestrais atavismos de carácter espiritual e universal no Povo Português, ou seja, apelou-o à consumação do Quinto Império, consagrado, como outrora haviam sido os Templários, por um místico da mesma origem germânica de São Bernardo e de D. Afonso Henriques, unindo, no Presente, o nosso glorioso Passado a um futuro de Missão a ser cumprida.
Antes de deixar o solo português, o Papa chamou aos Portugueses “este povo glorioso”.
A partir de agora vivemos um momento único na nossa história, talvez só comparável ao da Fundação e ao dos Descobrimentos. É um momento de Esperança e de Desafio, de União e de Missão.
Sua Santidade, filósofo e místico alemão, realçou a importância de ligar a Fé à Razão, a Ciência à Religião, características essas que marcarão a humanidade do futuro. E depositou em Portugal toda a confiança e esperança, baseadas na Fé e na Razão, no desempenho da sua missão, como um farol (nas suas próprias palavras) do espírito para a humanidade.
Eduardo Amarante

A PROPÓSITO SABIA...

QUAL ERA A ORIGEM SECRETA DO NOME LUSITÂNIA?


Segundo os Anais arcaicos do Oriente, nas últimas épocas da Atlântida, na fase que precedeu a sua queda e, com isso, a entrada da humanidade na longa noite da Pré-História, a religião natural ou sabedoria primitiva dividiu-se em dois caminhos: o da direita (magia branca) e o da esquerda (magia negra). Desde então, alternadamente, repartem entre si - ao longo dos ciclos históricos - o império do mundo.
(…) De acordo com o mito, em resultado da magia negra praticada pelos magos da Atlântida, Atlas (como agente de Némesis) desterrou Cronos (regente das idades do ouro e da prata) e entronizou no seu lugar Zeus, símbolo da geração e, consequentemente, da dor, da doença e da morte.
A Sabedoria foi, desse modo, ocultada pelos titãs, partidários da religião primitiva, que se refugiaram, nos últimos tempos da Atlântida, e por longos séculos, nas Ilhas Afortunadas, situadas no ponto mais ocidental do mundo.
(…) Tito Lívio fala-nos dos chefes tribais, entre os quais se contam os da comarca do Minho, Douro e Tejo, que dependiam dos imperadores da Atlântida (liv. XXVII, cap. XXX). Também Políbio canta as delícias desses paraísos turdetanos e tartéssicos, a sul do Tejo. Santo Agostinho também refere, na sua obra De Civitas Dei, aquele paraíso:
“Antes que se achassem na Hispânia os veios de ouro e de prata, as guerras não existiam. Muitos dos seus filhos se consagravam ao estudo da filosofia. As cidades viviam seguras e tranquilas com santíssimos costumes (...) Não tinham os cidadãos pleitos entre si nem controvérsias...”.
(…) Essa influência dos Titãs na Península Ibérica foi de tal modo impactante em tempos hoje considerados míticos, que os mais vetustos nomes ibéricos derivam todos de Titã ou Titânia. Assim, à luz da etimologia, podemos concluir que a palavra LUSITÂNIA conserva na sua raiz a reminiscência daqueles gloriosos tempos e, daí, a eterna SAUDADE lusa pela Idade de Ouro, Paraíso Perdido, e o nosso FADO, expresso na necessidade sentida do seu resgate, que se reflecte no nosso apurado e genético sentido de exploradores e de conquistadores, mediante a consumação do sonho atávico do 5º Império.
Lusitânia é, pois, ab origine, a Luz dos Titãs, portadores da Sabedoria da mítica e sempiterna Idade de Ouro, traduzida na lusa forma de sentir, na Saudade do futuro ou Império do Espírito Santo.

(extracto do capítulo III, 1ª parte, da obra PORTUGAL A MISSÃO QUE FALTA CUMPRIR)