O AMOR A PORTUGAL



Como pessoa tive o privilégio, e como Português tive o orgulho de fazer parte da lista de amigos de Rainer Daehnhardt.
O primeiro contacto que tive com Rainer foi aquando de um leilão em 1990, precedido de um artigo calunioso, publicado num jornal de Lisboa, intitulado “A Lusitânia em leilão”. Vim em defesa, não da pessoa em questão, mas da mais elementar justiça e bom senso, realçando a importância de todos aqueles que, longe dos interesses político-partidários, lutavam desinteressadamente pela salvaguarda da nossa história e tradições. E sensibilizou-me profundamente o empenho e abnegação deste luso-alemão na preservação e difusão do nosso património cultural, indo às raízes mais profundas da nossa História, para garantir às gerações presentes e vindouras o acesso às fontes documentais, como meio de assegurar a memória da nossa identidade pátria.

A partir daí, foi-se construindo uma relação assente em objectivos e ideais comuns, que resultaram numa primeira acção concreta, sob a forma de uma conferência-debate, intitulada “O Despertar dos Lusitanos”, em Janeiro de 1991. Sala cheia e uma noite bastante animada, com um público empolgado e sedento de história viva, com documentos explicativos de muitos pontos obscuros e distorcidos pela única história que até então conhecia: uma história oficial, repetitiva e redutora.

Afinal, o povo português, que parecia adormecido pelas sereias do consumismo materialista e de uma versão tão enganadora quão manipulada da nossa história, tinha preservado a sua alma viva, sedenta de conhecimento e de verdade. E, mais do que isso, não só queria, como precisava, de uma busca autêntica das suas raízes identitárias mais remotas.

O entusiasmo gerado à volta destes novos conhecimentos – destas novas descobertas – teve o seu ponto culminante na conferência ilustrada com mais de 350 diapositivos, em Abril de 1991, na Fundação Calouste Gulbenkian. O tema foi sobre a Missão Templária nos Descobrimentos. Tratava-se, na época, de um tema extremamente controverso, ainda por cima dado numa das mais prestigiadas fundações culturais de Portugal. E controverso porque, em 1991, para os historiadores encartados era inconcebível ligar os Templários aos Descobrimentos Portugueses. Posso afirmar, com orgulho, que Rainer Daehnhardt foi o primeiro investigador histórico a desvendar publicamente, em Portugal, essa relação, bem como o plano iniciado pela Ordem do Templo e, depois, pela sua herdeira legítima, a Ordem de Cristo, que resultou nas Descobertas Marítimas. O público – apesar de uma parca propaganda – acorreu em tão grande número que, à última hora, a administração da Gulbenkian teve de ceder o Auditório Dois, uma vez que o Auditório Três estava sobrelotado, com muitas dezenas de pessoas à espera no átrio.

Essa conferência, com os vários artigos publicados e o livro “A Missão Templária nos Descobrimentos”, que saiu a público em Maio desse ano (e que já conta 10 edições), marcou uma viragem quanto à interpretação e à importância do conhecimento da História de Portugal, abrindo, desde então, as portas para “o revisionismo da nossa história”.

A nossa Pátria é aquela com que nos identificamos, que amamos, e pela qual estamos dispostos a lutar, a viver e a morrer. Em Rainer, personalidade luso-alemã que tanto tem feito por Portugal, dando a conhecer e exaltando as qualidades próprias da gente lusa, temos o exemplo cabal do que é AMAR PORTUGAL.
Saibamos tornar-nos dignos desse exemplo e da sua amizade."

Eduardo Amarante