O Código de Moral entre os Incas



Os Incas tinham um código de moral quotidiana, que se expressava como uma saudação entre os cidadãos: não sejas mentiroso, não sejas ladrão, não sejas ocioso. Os que não respeitavam estas regras eram punidos. Uma das infracções morais mais graves era o acto de roubar, visto que no Tahuantinsuyo (Império) todos os cidadãos tinham o necessário para viver condignamente. Assim sendo, quem roubava não o fazia por necessidade, mas por cobiça e ociosidade. O castigo era cortar-lhe a mão com que praticara o delito.

O amplo e profundo conceito de solidariedade que prevalecia em todo o Império, ficava demonstrado sempre que ocorria alguma calamidade, como pestes, secas, inundações, destruição das colheitas. Nessa ocasião, decretava-se jejum e abstinência para todos os cidadãos, a fim de curar o Império do mal que o afectava.
Estas normas faziam parte da vida do povo, baseadas numa doutrina em que o exemplo era fundamental, sendo mais estrito para as classes altas.

A formação moral do povo era incutida na criança desde o seu nascimento, dando-se mais importância à prática do dever do que ao corpo propriamente dito. Na educação, ensinava-se as crianças a serem úteis ao Império sem causar dano a ninguém. Desde muito cedo era-lhes ensinado o sentido do dever e davam-se-lhes pequenos trabalhos, a fim de que tivessem sempre presente a ideia de que no Império todos deviam trabalhar. Enaltecia-se o heroísmo, a coragem e a honradez. Os guerreiros que venciam o medo e expunham as suas vidas pelo Império ascendiam à condição de “nobres por privilégio”.


Esta formação moral, aliada a uma disciplina estrita e a uma sábia organização social fez com que no Império não existissem ociosos, bem pelo contrário: todos trabalhavam para a sua própria subsistência e para a do soberano. As terras eram distribuídas, segundo o número de integrantes de cada família, para serem cultivadas. Desta forma fomentou-se a dádiva, o espírito de solidariedade, a fraternidade, bem como o amor ao trabalho como realização individual e colectiva.

in "O Império do Sol - Breve História dos Incas", Eduardo Amarante