O MITO DA ATLÂNTIDA E DOS ATLANTES



Vários povos conservam nas suas tradições, quer orais ou escritas, a memória do da destruição da Atlântida através do “mito do dilúvio” com a consequente extinção da raça dos gigantes. Gigantes esses que não eram senão os habitantes da Atlântida, possuidores de uma força hercúlea e de uma estatura que chegava a atingir os sete metros de altura. Nos seus tempos áureos alcançaram elevados conhecimentos de ordem científica e tecnológica aliados a poderes que hoje chamaríamos “parapsicológicos” capazes de converter a energia em matéria, anular ou reduzir a força da gravidade, ou controlar à vontade os aerólitos. Os relatos dizem que chegou um tempo em que as elites atlantes, cegas pelo orgulho proporcionado por todo esse poder, excederam-se nas suas perversidades, provocando a reacção natural dos mecanismos de defesa do planeta. “Há uns 850 000 anos, enormes cataclismos (que algumas fontes atribuíram em parte à descontrolada utilização do Marmash ou energia atómica que partia da conversão da energia em matéria, processo inverso ao que hoje conhecemos) alteraram profundamente a face do planeta e a inclinação do seu eixo em relação ao plano da Eclíptica. A Grande Atlântida partiu-se em dois subcontinentes, Ruta e Daitya para os indianos. O movimento geossinclinal fez surgir a Cordilheira dos Andes, a América e parte da Europa tal como a conhecemos hoje. A humanidade ficou quase totalmente destruída. Desse resto, muitos caíram num ‘primitivismo’ barbárico, e outros, poucos, habitaram os restos das cidades altas.”[1]
Em consequência, a humanidade entrou numa longa noite medieval, a maior de que há memória, a que se chamou comummente Idade da Pedra.

Os sobreviventes dos Atlantes emigraram um pouco por toda a parte nesta nova configuração do planeta e a sua talha foi progressivamente diminuindo ao longo dos milénios. Alguns focos civilizacionais, produto de suas elites altamente evoluídas, perpetuaram pelos séculos fora a lembrança da desaparecida Atlântida com as suas construções fabulosas de que são exemplo, entre outras, as pirâmides da América pré-colombiana e as do Egipto, simultaneamente resumo do antigo esplendor e colégios de formação integral. Perduram, todavia, sobre a Terra, inúmeros vestígios que são obra directa ou indirecta dos descendentes dos Atlantes e que continuam a ser, devido aos factores citados na introdução desta obra, um problema difícil de destrinçar para a maioria dos arqueólogos e historiadores.

In Eduardo Amarante, “Universo Mágico e Simbólico de Portugal”



[1] Jorge Livraga, Tebas, Valência, 1986.