Amo a sua história, as suas gentes hospitaleiras, a sua cultura e tradições, os seus monumentos, as suas paisagens, as suas montanhas e vales, o seu mar e o seu céu profundo e luminoso, o seu sol e o seu clima ameno e temperado. Amo as suas flores, os seus frutos e os seus legumes, o seu azeite e o seu vinho. Amo a sua gastronomia, para mim a melhor do mundo.
Temos recursos naturais infindáveis, temos paz, temos a protecção de Santa Maria, do Divino Espírito Santo e do Arcanjo São Miguel. Temos todos os motivos para nos sentirmos felizes e orgulhosos.
E porque não nos sentimos nem felizes nem orgulhosos? Porque trocámos o Ser pelo Ter, a amizade pelo interesse egoísta, a humildade pela arrogância, a simplicidade pela ostentação, o trabalho pelo ócio, o espírito de missão pelo conformismo e a inércia. Trocámos o espírito de conquista e de realização pessoal pela caça aos subsídios, a maior armadilha que nos pregaram nos últimos séculos. Como se o abandono dos campos, da agricultura, das pescas, da indústria não implicasse mais tarde a perda de emprego… e da soberania!
Portugal tem tudo para se voltar a erguer. Há que inverter a situação que nos levou ao descalabro. Há que substituir o Ter pelo Ser, a esmola pela dádiva, a mentira pela verdade, a apatia e a inércia pela vontade de realização. Há que dar um futuro aos nossos filhos e netos. Há que nos mostrarmos dignos de termos nascido em Portugal.
Para os Antigos, aqui neste extremo ocidental da Europa situava-se o mítico Jardim das Hespérides, uma espécie de Paraíso na Terra.
Aos legionários mais condecorados do Império Romano era-lhes dado o maior prémio a que podia aspirar um cidadão de Roma: reforma com inúmeras benesses na Lusitânia, o que lhes permitia viver num pequeno paraíso os seus últimos anos de vida.
E é esse paraíso que temos ao alcance das nossas mãos, sem nos consciencializarmos disso.
É hora de inverter a situação.
É hora de enfrentar a crise pela positiva.
É hora de nos mostrarmos gratos à natureza por tudo o que ela, generosamente, nos deu.
É hora de trocarmos o cifrão pelo coração, símbolo da união, da paz e do amor, mas também — e não por acaso — o símbolo de Portugal.
Eu AMO Portugal. E espero que quem me lê também o AME de coração!
Eduardo Amarante