OS TEMPOS QUE AÍ VÊM...


“Os ideais de progresso material do século passado falharam.

O progresso actualmente está em regressão: fecham-se fábricas, aumenta o número de desempregados, escasseiam a energia e as matérias-primas; as habitações (muitas por estarem com preços inflaccionários), as escolas, os hospitais, etc., não acompanham o ritmo de crescimento demográfico; as condições de vida degradam-se paulatinamente; o aumento da delinquência torna-nos, dia para dia, mais inseguros e desconfiados; o espectro de uma guerra nuclear obriga alguns governos, e também muitos particulares, a gastarem avultadas somas de dinheiro na construção de abrigos, quantias essas que, se não se alimentassem as guerras, poderiam muito bem ser canalizadas para o combate efectivo à fome e à miséria humanas.
Assim, a crise do sistema é total, estando este caduco porque se revelou incapaz de resolver os problemas básicos da existência humana. O suporte para a sobrevivência humana falhou. Em vão se dilapidaram as energias e as potencialidades herdadas. A insegurança, o descrédito e a incapacidade das pessoas para a resolução dos seus problemas faz-nos antever a queda próxima desta civilização e a mais que provável regressão a novas formas de tipo medieval ou mais atrasadas ainda. Daí que alguns filósofos da História afirmem que a actual humanidade está às portas de uma Nova Idade Média. Os sinais apontam nesse sentido. O vazio de poder, o derrube das velhas ideologias de esquerda/direita, os separatismos/radicalismos, as “limpezas étnicas” e as demais mazelas que sacodem a vida social dos cidadãos do mundo geram uma crise e um desafio, sem precedentes, para as mentes esclarecidas que, no 3º milénio, se vêem na necessidade de, se não debelar o mal que as agita, pelo menos minorar os seus efeitos.
Do mesmo modo que após a queda do Império Romano surgiu a Idade Média, também a nova Idade Média surgirá - não com as mesmas características daquela que nós conhecemos na História - após a queda irreversível deste modelo de civilização.
Outro sistema virá substituir este. Não é por acaso que, actualmente, alguns políticos da União Europeia já falam e, mais do que isso, já estão a construir afanosamente a sua própria fortaleza: a “fortaleza” Europa. Outras fortalezas, de dimensões mais pequenas, se erguerão em breve noutros cantos do globo. Caiu o muro de Berlim, mas outros muros se levantarão.” – Eduardo Amarante
in "PORTUGAL - A MISSÃO QUE FALTA CUMPRIR", Eduardo Amarante / Rainer Daehnhardt

PERIGO: A MORTE DA RAZÃO

“São inegáveis os perigos que se produzem quando um povo atravessa um período de desculturalização massiva. Vemos através dos exemplos que a História nos dá que este é um fenómeno cíclico e geralmente de consequências mais ou menos dolorosas e, não raras vezes, gera movimentos fanáticos das massas que, invariavelmente, são brutais e inconsistentes, sempre de resultados nefastos.
Estes movimentos, conduzidos por um ou mais líderes sem escrúpulos, cheios de ânsia de poder e de opressão sobre os demais, e hábeis na manipulação psicológica das massas, caracterizam-se pela exaltação do ódio, da inveja e da contestação nestas últimas e estão impregnados de violência e de destruição.
A arma utilizada por estes líderes de um mundo material e ateu é, precisamente, a aniquilação do senso comum natural, presente em todos os homens, e a desculturalização geral dos indivíduos segundo planos, aliás, muito bem orquestrados. Esta desculturalização funda-se numa desagregação gradual dos índices de informação, de conhecimento, de valores morais e sociais e, sobretudo, numa crescente falta de convívio e de diálogo entre os homens e Deus. Para tomarmos consciência disto, bastaria lermos friamente e sem preconceitos sobre pretensas oposições de “direita” e “esquerda” (clichés muito utilizados) que fazem parte de um plano que Lenine escreveu nos inícios do século XX para a penetração ideológica comunista no Ocidente. Este plano tinha como base a eliminação progressiva dos valores como Deus, a Pátria, a Família e o culto aos antepassados.
Efectivamente, as frases estereotipadas e sem conteúdo, mas bem sonantes, as promessas irrealizáveis e a lavagem ao cérebro através de repetições sucessivas sobre pretensas “conquistas”, como a democracia, a liberdade, a igualdade, o direito ao trabalho e ao ensino, etc., produzem sempre um efeito hipnotizante nas massas, que se vêem docilmente envolvidas neste jogo de vocábulos que não entendem. A arte deste aparelho invisível, que possui de facto as rédeas do poder, utilizando as massas para os seus fins pessoais de poder e lucro, consiste precisamente em fazer pensar ao povo que sabe e entende e que tem o direito de exprimir a sua opinião...” – Eduardo Amarante

in "PORTUGAL - A MISSÃO QUE FALTA CUMPRIR", Eduardo Amarante / Rainer Daehnhardt

INSATISFAÇÃO...


"A característica insatisfação do Português resulta de ainda não ter cumprido em pleno algo a que está destinado, de ter deixado o trabalho inacabado. O desânimo não é mais do que o estado de alma que experimenta nos momentos de crise anímica profunda, pela ausência de ideais superiores, sentindo então um vazio de motivações, aliado a um descontentamento em relação a si próprio, por não se sentir capaz, no momento, de abraçar o destino para que foi forjado. Porém, o Português não pode, porque está estigmatizado, viver sem a presença, real ou imaginária, do Mito do Quinto Império, gravado a fogo nas Cinco Quinas da Bandeira Nacional.
Recordando nós que o mito é um relato que contém uma verdade, o Quinto Império é uma realidade a ser cumprida e essa é uma verdade que constitui algo de profundamente atávico no inconsciente colectivo do povo português. Isto quer dizer que o Português - aquele que ama e sente a sua pátria e se identifica com os seus antepassados históricos e míticos -, quer queira, quer não, tem o estigma do Quinto Império e no seu subconsciente sente-se directamente comprometido com a sua realização." - Eduardo Amarante