A RAZÃO POR QUE A ALEMANHA LIDERA A EUROPA



Quem lidera a Europa é a Alemanha. Mas, em relação à Alemanha, temos de saber que Alemanha é esta. É uma Alemanha artificialmente criada pelas forças de ocupação. As leis existentes na República Federal Alemã são as leis de 1949 que exigem a imposição da censura no ensino, na rádio, na televisão e em tudo o que é escrito, durante 150 anos. Desde o ano de 1949 até ao ano 2.099 tudo o que é ensinado nas escolas e universidades alemãs é pré-censurado pelos aliados. Eu próprio fui convidado a retirar a minha inscrição numa universidade alemã por uma razão muito simples. Em Portugal temos a Polícia Judiciária. Na Alemanha, esta chama-se Bundes Verfassungsschutz, ou seja, a Polícia Defensora da Constituição. Não existe nenhum outro país do mundo que tenha uma polícia para defender a Constituição. Esta é proposta, votada e é aprovada ou não. Para que é que é preciso uma polícia para isso? No entanto, a Alemanha Federal tem! E o que é mais curioso, é que a Alemanha Federal tem a polícia da defesa da Constituição, mas não tem uma Constituição. O que a Alemanha tem é uma coisa chamada Grundgesetz, a Lei Base. Então, peguei naquele termo e quis saber quem é que escreveu a Lei Base da República Federal Alemã. E eles levaram-me de tal maneira a mal, que me disseram que se eu insistisse nessa pergunta, não sabiam o que é que iria acontecer. “Mas se quiser insistir, faça-o por escrito” - disseram-me. Fiz-lhes a pergunta por escrito, e fui mais longe. Acrescentei que não só queria saber quem é que escreveu a Lei Base da República Federal Alemã, como queria saber quem é que votou ou escolheu as pessoas que escreveram essa Lei Base. Como resultado disso tive de sair da universidade, porque sabiam perfeitamente que, dentro do condicionalismo em que estavam a viver, iria haver constantes fricções entre mim e os professores. A situação mantém-se em pleno. A República Federal Alemã é o país ocidental com o maior número de professores de História na prisão. Esta é considerada uma profissão de alto risco na Alemanha. Por quê? Porque só existe urna versão histórica que pode ser ensinada e que tem de ser ensinada. Quem se desviar da versão oficial imposta, é completamente afastado. Isto é gravíssimo, porque uma pessoa, ou é hipócrita e limita-se a fazer o serviço que lhe mandam só para ter o seu ordenado no fim do mês, ou então tem um mínimo de integridade e recusa-se a ensinar aos seus alunos aquilo que sabe que não está conforme a realidade histórica. Nesse caso, a pessoa não só é expulsa da escola como vai para a prisão. E nós, cá em Portugal, pensamos que aquilo é uma democracia. Por que razão políticos da República Federal Alemã querem a anulação de todas as nações europeias? Porque, como alemães, não podem fazer nada. O único país membro das Nações Unidas, que não é membro de pleno direito, é a República Federal Alemã. Há uns anos, o pequeno Liechtenstein passou a ser membro de pleno direito das Nações Unidas. Ora, o Liechtenstein é pouco maior do que a minha quinta! E é membro de pleno direito! A República Federal Alemã entrou nas Nações Unidas no ano de 1978, junto com outro país da zona de ocupação soviética, que então, ironicamente, se chamava Alemanha Democrática. Os dois entraram juntos nas Nações Unidas e criou-se um estatuto novo, o estatuto de “não membro de pleno direito”. Agora fala-se na reunificação alemã. Isso é uma grande mentira! A República Federal Alemã é trizoniana, porque, no fim da 2ª Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em sete parcelas. Uma parte (Prússia Oriental) foi anexada pela União Soviética; outra parte (também da Prússia Oriental) foi anexada pela Polónia; outra parcela da Prússia Ocidental foi anexada igualmente pela Polónia; o resto da Prússia Ocidental foi declarado zona de ocupação soviética, mais tarde transformada em Alemanha Democrática; e nas zonas ocidentais, tivemos a zona de ocupação britânica, zona de ocupação americana e zona de ocupação francesa. São sete parcelas ao todo. E nessas sete parcelas, as zonas britânica e americana juntaram-se e formaram então a bi-zona, em 1947. Em 1949 juntou-se uma parte importante da zona francesa, criando-se assim a tri-zona. Esta tri-zona foi criada em forma de país oficial, chamado República Federal Alemã, mas por baixo de uma série de sujeições das forças de ocupação. Há poucos anos ocorreu um acidente aéreo por cima de um dos aeroportos alemães. Tratava-se de uma demonstração aérea com aviões de diversas nacionalidades. Três caças italianos chocaram no ar exactamente por cima da tribuna principal. Morreram setenta e tal pessoas e mais de duzentas ficaram feridas. Foi uma enorme desgraça e logo choveram os pedidos de indemnização ao governo alemão por causa deste lastimoso acidente. E o governo alemão teve de reconhecer publicamente que não possui jurisdição sobre os aeroportos na Alemanha. Estes continuam a estar sob a jurisdição das forças aliadas. A Alemanha é o único país europeu da 2ª Guerra Mundial que não tem um tratado de paz. Todos os países que lutaram ao lado da Alemanha receberam um tratado de paz. A Finlândia tem tratado de paz; a Itália tem tratado de paz; a Roménia tem tratado de paz; a Bulgária tem tratado de paz. Todos têm, excepto a Alemanha. E isso cria um tal condicionalismo que, para os alemães, é altamente inconveniente ser-se alemão. Então, o que é que eles inventaram? Se nós - pensaram - como alemães somos os culpados de tudo, se como alemães não podemos sequer assumir a identidade alemã, então anulamos a identidade de todos e criamos uma nova identidade! É esta a Europa em que nós entrámos. E eu, pessoalmente, não concordo com esta Europa! A esperança do mundo reside no gene luso que, na devida altura, há-de ressurgir totalmente inesperado e irracional, mas com a capacidade inata de encontrar soluções e guiar os sobreviventes.

 Rainer Daehnhardt, in "Portugal - a missão que falta cumprir", Apeiron edições