"O selo da Ordem do Templo simboliza a dupla natureza, divina e humana, assim como a dualidade em cada ser, “animus/anima” (segundo C. G. Jung), e o cavalo sobre o qual dois cavaleiros estão montados possibilita a passagem entre dois mundos: o celeste e o terrestre. Esse cavalo não deixa, curiosamente, de evocar o mítico Pégaso, mensageiro dos deuses que assegurava a comunicação entre eles mediante uma linguagem velada aos profanos, a cavala, que se tornou na “cabala” segundo os princípios da ciência hermética medieval. Além disso, os dois cavaleiros e o seu cavalo evocam a tríplice natureza do ser: spiritus (espírito), animus (alma), corpus (corpo), estando este último representado pelo cavalo, tal como nos ensina Platão no Fedro, sugerindo que o corpo não é senão o veículo da alma e do Espírito divino.
Quando observamos o selo da Ordem do Templo representado pelos dois cavaleiros sobre uma mesma montada, nada mais vemos senão DOIS cavaleiros sobre UM cavalo. Ora, dois sobre um é precisamente a relação que existe entre a largura e o comprimento da Mesa Rectangular que serve de base à edificação de uma catedral. Trata-se, pois, de uma imagem por demais edificante. Esta mesa contém o centro sagrado, o lugar de onde partem todas as medidas de construção. Por outro lado, a imagem mostra que 2 estão sobre o mesmo cavalo, a mesma Cabala, ou seja, a mesma tradição cifrada que dá os parâmetros de construção de uma catedral ou de um homem verdadeiro. 2 + 1 = 3, sendo o 3, num dos seus aspectos, o duplo triângulo: um, receptáculo das energias telúricas; o outro, das energias cósmicas. O entrelaçamento de ambos forma o Selo de Salomão ou Estrela de David, assinatura e instrumento dos construtores. Simboliza a energia vital cósmica que anima a obra ao se unir ao septenário sagrado, sintetizando a Terra (4) e o Céu (3) e integrando o Homem (5)."
Eduardo Amarante
In "Templários - De Milícia Cristã a Sociedade Secreta", Apeiron edições