"Não podemos, não devemos e não temos razão para não nos orgulharmos do nosso passado e ganhar, assim, alento e ânimo para o futuro que nos espera: a realização da missão de que somos herdeiros. Portugal ou a Lusitânia refundada não nasceu fruto do acaso.
Não temos de ter complexos e menos ainda vergonha de termos sido grandes e, sobretudo, não nos culpabilizem de termos tido líderes, homens de escol, que tão sabiamente souberam dirigir os destinos do país. E, neste caso, o futuro será o melhor juiz.
Que fazer para viabilizar a reconstrução de um país quando todos os esforços se disseminam, uns na indiferença, outros na separatividade (apesar de se falar tanto de globalização), na luta entre facções, em vez de convergirem num só sentido, num sentimento de unidade e afirmação do país face a outros que desejam ser os senhores do mundo?
A resposta não é fácil porque, se há coisa que trava essa reconstrução, é a doença de que padecemos: a perda progressiva da identidade. Não obstante, todos nós temos uma identidade que nos é dada no acto de nascer e, na medida do possível, somos livres de mudá-la quando quisermos.
Quando um homem se identifica com o seu passado histórico e com a herança dos seus predecessores sabe bem que é em momentos de profunda crise que deve afirmar a sua história e, nesse instante, ele torna-se uma parte da encarnação histórica da sua pátria e consegue, assim, religar o elo perdido, não rompendo, desse modo, a cadeia ancestral.
Na nossa história, e à semelhança da história das outras nações, é na adversidade que se forjam os verdadeiros homens capazes de identificar o seu destino com a cultura do seu povo, do seu país."
Eduardo Amarante