OS HERÓIS E AS HEROÍNAS SÃO NECESSÁRIOS






Os heróis não estão mortos! Eles são imortais! O homem e a mulher que não sentem dentro de si um pouco de heroísmo, um pouco de firmeza e de coragem, um pouco de honra e de dignidade, são uma espécie de vegetais, porque o estado do ser humano é psicológico, mental e espiritual e não uma fórmula química ou biológica. E todo o indivíduo que sente dentro de si uma ascendência divina quererá imitar, dentro das suas naturais limitações, esses heróis que, tal como Hércules, partem à conquista da sua imortalidade, desafiando os monstros da superstição e da ignorância.
Com uma visão tão curta e horizontal, os Portugueses nunca teriam descoberto novos mundos, mas ter-se-iam apenas limitado à linha do horizonte.
(...) Nós sabemos que o paraíso terrestre não existe. Os dois materialismos, de direita e de esquerda, tiveram tempo para o construir e não o fizeram. Deram-nos, em contrapartida, o mono como antepassado, um presente de violência, desemprego e contaminação a todos os níveis e prometem-nos um futuro cheio de ameaças de guerra, de indiferença e de fome. Encarregaram-se de macular a História, manipulando-a para os seus fins egoístas. Nos grandes homens procuraram encontrar os defeitos mais aberrantes, e a mitologia não seria mais do que um conjunto de fábulas dos povos primitivos. Em substituição, deram-nos o mito do macaco, a utopia do paraíso terrestre e uma pleîade de falsos heróis.
Presentemente, a nossa juventude desorientada não sabe que exemplos há-de seguir, porque a censura psicológica repressiva a inibe de expressar sentimentos belos e espiritualizados, de falar de amor desinteressado, de relembrar com orgulho os feitos históricos da Nação. O aparelho maquiavélico da propaganda fornece-lhe a pornografia e a violência na televisão e nos cinemas, em que os bandidos e os guerrilheiros urbanos tornaram-se nos novos heróis. Incita-se psicologicamente, através de videogames e outros instrumentos de propaganda subliminar, os jovens à violência, a pegar em armas, a matar, tal como fazem os seus heróis.
(...) Hoje, a virilidade desceu da cabeça ao sexo. Já não se produz, mas reproduz-se. A violência passou a ser sinónimo de coragem, a manha e o engodo substituíram a dignidade. A palavra de honra deixou de ter valor. Quem nela acredita é tido por imbecil. O ser humano está a converter-se em chacal, atirando-se à mínima oportunidade sobre a presa mais dócil.
Actualmente é fácil pegar numa arma, pois o combate faz-se à distância. Poucos são os “heróis” actuais capazes de empunhar uma espada e ter por força a Razão.
A verdadeira dignidade, a verdadeira coragem não é usar a violência e mostrar-se arrogante, mas sim ter a bravura e a probidade de manter os seus compromissos, saber ser exigente consigo próprio e usar de tolerância para com os outros.
Os heróis são necessários. Mas, heróis são aqueles que, pela sua envergadura moral e espiritual elevaram-se acima da humanidade, sendo um modelo de exemplo pela sua nobreza de carácter, persistência nos actos e coragem. E a humanidade precisa destes exemplos!
Eduardo Amarante
Excerto da introdução à obra “Heróis e Heroínas da História de Portugal”
Imagens: Pinturas a óleo de Mestre Carlos Alberto Santos