O ENIGMÁTICO DEDO APONTANDO O “CANO”




Num dos claustros do Convento de Cristo em Tomar sobressai uma figura enigmática esculpida numa pequena pedra. Trata-se de uma mão com 5 dedos, em que o dedo médio se alonga desmesuradamente em relação aos demais, como que apontando uma direcção. Por baixo está escrita a palavra CANO. A versão tão oficial quanto redutora é a de que o dedo está a indicar uma canalização que se encontra sob o solo. Não pomos em dúvida que a canalização exista. Mas utilizar uma imagem tão simbólica (já encontrada, inclusive, em pinturas e esculturas rupestres) como indicação de uma funcionalidade tão banal quanto material leva-nos a perguntar o que é que REALMENTE a imagem esculpida naquele pedaço de pedra poderá significar.
De acordo com a quirologia, ciência que interpreta os sinais contidos em ambas as mãos, enquanto que a mão esquerda representa o nosso potencial, a mão direita representa o rumo que a nossa vida está a seguir.
O dedo médio refere-se às responsabilidades. Na figura em causa, o dedo médio alonga-se desmesuradamente, significando que o desafio a enfrentar deve ser realizado mediante o esforço próprio para alcançar a meta que se propõe.
A palavra CANO, para além do seu significado óbvio de conduta, aquilo que conduz, poderá ter relação com o português antigo CAN e com o latim CANIS (plural CANUM), ou seja, o CÃO, aquele que vê na noite, com uma função psicopômpica (conduzindo as almas das trevas para a luz), levando o candidato à iniciação a submeter-se a um conjunto de provas que o conduziriam da ignorância para a luz do conhecimento. Nessa sua função, o cão relaciona-se com a divindade egípcia Anubis e com o enigmático São Cristóvão com cabeça de cão ou de chacal que está pintado numa das paredes da Charola templária do Castelo/Convento de Cristo.
Para inúmeras civilizações e culturas arcaicas, a mão exprime a ideia de potência, sendo dadora de vida, representando o espírito vital procriador. No Egipto, a mão aberta simboliza a força magnética. Nos baixos-relevos da arte pré-colombiana, a mão aberta com os dedos esticados representa o deus do 5º dia, uma divindade ctónica, simbolizando assim a morte... e o renascimento.
in "Templários - de Milícia Cristã a Sociedade Secreta", VOLUME 4: Do Portugal Atávico ao Segredo do Quinto Império, Eduardo Amarante