A CHAROLA DE TOMAR, TEMPLO DE INICIAÇÕES
“Tudo indica que os cavaleiros templários usavam o Templo para iniciações de cavaleiros. Na ausência de porta para o exterior, de acordo com as fontes documentais, a entrada fazia-se pelos subterrâneos, onde os candidatos teriam de passar pela prova dos quatro elementos. “Esta prova, refere Paraschi, constitui a base de qualquer iniciação e no cristianismo foi consubstanciada no Mistério do Baptismo”. Um dos acessos para os subterrâneos do convento situa-se algures na parede do poço que se encontra no pátio de entrada do Seminário. (*)
A sala do Capítulo do convento de Cristo em Tomar, centro intelectual e espiritual da futura Ordem de Cristo, abria-se inicialmente para o exterior através de quatro janelas que simbolizavam, precisamente, os quatro elementos da natureza.
(*) Pessoalmente visitei no local, em 1991, acompanhado por um funcionário do IPAAR, uma câmara subterrânea com vestígios numa das paredes de ter havido aí uma entrada que foi posteriormente tapada com entulho e pedras. O mesmo sucede na capela subterrânea da torre de D. Catarina (uma das torres da muralha do Castelo de Tomar) em que é visível a existência de uma porta que dava acesso a um túnel e que se encontra desde há anos (ou séculos) completamente tapada. Nos anos oitenta tive a felicidade de visitar por mais de uma vez esta capela subterrânea. Nos inícios dos anos noventa já se encontrava completamente vedada, mesmo aos mais arrojados. Diz-se que estes subterrâneos no interior do castelo comunicavam entre si e com a Igreja de Santa Maria do Olival, igreja matriz dos templários, onde, nos anos quarenta, foi colocada uma enorme lápide na entrada do túnel situada na nave, próximo do altar-mar, que, bifurcando-se, conduzia, por um lado ao mosteiro feminino de Santa Iria e, por outro, chegava até à Praça da República (onde se encontra a igreja de S. João Baptista), passando por baixo da Rua da Corredoura (actual Rua Serpa Pinto). Daí seguia seguramente para o interior do castelo, não fosse, à semelhança de outros subterrâneos, encontrar-se tapado.” – Eduardo Amarante, in "Templários", vol 2