A ORDEM DO TEMPLO NA FUNDAÇÃO E AFIRMAÇÃO DE PORTUGAL
S. Bernardo, nobre borgonhês e abade de Claraval desde 1115, desenvolveu um pensamento providencialista que aplicou à expansão universal da cruz de Cristo. Para ele, esta expansão não devia ser entendida como uma simples propagação de fé pela conquista, mas dependia, antes de mais, da conversão da Igreja a um ideal mais puro, mais místico e mais cavaleiresco. Tais exigências de dedicação, entrega e pureza de ideal fizeram com que o nome e a obra de S. Bernardo inflamassem uma época crucial da história europeia.
O grandioso projecto de S. Bernardo manifestou-se em dois planos:
• o da acção no mundo e no tempo através da Ordem do Templo ao serviço da Monarquia Universal;
• e o da missão espiritual da Ordem de Cister, ao serviço de uma Igreja mais pura e ascética.
A própria criação de Portugal foi “imaginada” por uma elite espiritual, cuja expressão mais visível terá sido S. Bernardo de Claraval. Essa elite, que pensava em termos de eternidade, deu início a um projecto que viria a dar os seus frutos séculos mais tarde. Tratava-se de pessoas de eleição, alimentadas pelos valores do espírito; uns viviam ao abrigo das ordens monásticas, nomeadamente de Cister, e outros estavam ao serviço do poder temporal. Porém, ambos, monges contemplativos e monges-guerreiros eram humildes servos do poder espiritual, que não era necessariamente o poder da Igreja de Roma.
"TEMPLÁRIOS, Vol. 2 - A Génese de Portugal no plano Peninsular e Europeu", Eduardo Amarante