A CIÊNCIA NÃO PODE ENTENDER NEM EXPLICAR AS PROFECIAS
“As ciências físicas acabam sempre por tropeçar com as qualidades ocultas, em cuja categoria se incluem as forças elementais da natureza; e essas forças pertencem ao estudo e ao campo da filosofia, e não da ciência”, escreve Schopenhauer.
Do exposto fica-se com a ideia de que a ciência não pode, de facto entender racionalmente nem explicar as profecias em si, nem os profetas e menos ainda as suas capacidades premonitórias. Contudo, há uma ciência, a Filosofia da História, que, apercebendo-se do modo como se desenrola o processo histórico, numa sucessiva cadeia de causas e efeitos, estuda a génese (o mito) e a finalidade (arquétipo, o princípio) da História como um todo que transcende as diferentes e circunstanciais histórias (meta-história).
Actuando no mundo psíquico e fazendo parte do inconsciente colectivo dos povos, os mitos são relatos, ou memórias, que contêm em si uma verdade e, de acordo com Joseph Campbell, são também pistas para as potencialidades espirituais da vida humana, ou seja, tudo aquilo que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente. Para tanto é fundamental apreender a mensagem interna dos símbolos. Uma coisa que se revela nos símbolos – recorda-nos Campbell – é que no fundo do abismo desponta a voz da salvação. É a íntima certeza de que quando “Deus fecha uma porta abre uma janela”, e de que “há sempre uma luz no fundo do túnel”; no fim do caminho, o Bem sempre vence o Mal e, em última instância, a Justiça Divina sempre actua , ainda que entre os homens reine a maior das injustiças numa aparente impunidade. Há, assim, dois tipos de seres capazes de prever o futuro: o profeta (intuitivo) e o filósofo da história (racional movido pela verdade).
in "PROFECIAS - da interpretação do Fim do Mundo à vinda do Anticristo", Eduardo Amarante