O Infante D. Henrique fundou numa das pontas do cabo de S. Vicente,
chamada cabo de Trasfalmenar, perto de outra ponta chamada cabo de Sagres, em
terreno para isso concedido em Carta de 1443 pelo regente D. Pedro, em nome do
rei D. Afonso V (Arquivo Hist. da Marinha, I, 163-176), uma povoação a que pôs nome
Villa do Iffante. Em 1451, o nome da vila aparece documentado pela primeira
vez.
No cabo de Sagres havia já no século XII uma alcaria ou aldeia, em
território dos árabes. Posteriormente veio a receber o título de vila, ao que
não deve ter sido estranha a acção do Infante.
Décadas mais tarde, vemos as duas vilas, de Sagres e do Infante,
identificadas oficialmente uma na outra, como se se tratasse de uma única
povoação. A Vila do Infante acabou por ceder o passo à vila de Sagres. Contudo,
há autores que defendem a tese de que foi exactamente no extremo do cabo de S.
Vicente e não em Sagres que o Infante D. Henrique, esse anacoreta da Ciência
Náutica, mandou edificar a sua Vila do Infante, que, mais tarde, foi arrasada
para aí se construir as amplas dependências do farol. Porém, a tradição local
conservou a memória do antigo povoado.
Outrora, como ainda hoje, toda a navegação que se fazia do Mediterrâneo
para os portos do ocidente e do norte da Europa bordejava este promontório. Ao
dominarem nesta região os ventos do norte e do oeste, os navios eram
frequentemente forçados a tomar abrigo nas enseadas próximas. O Infante
aproveitaria, assim, toda esta circulação de mareantes e de informações, ao
mesmo tempo em que dispunha de condições excelentes para procurar e recrutar
navegadores estrangeiros.
in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS, Vol. 3 - A Perseguição e a Política de Sigilo de
Portugal: a Missão Marítima"