RAINHA SANTA ISABEL E D. FILIPA DE LENCASTRE - DUAS MÃES E EDUCADORAS DE EXCELÊNCIA

Ambas acreditaram num Ideal, viveram-no durante toda a vida e foram um exemplo disso. Duas vias, dois caminhos, um mesmo e único objectivo: educar as crianças com base em princípios éticos e espirituais de molde a criar os alicerces para um mundo melhor. Se queremos um mundo melhor – e nós queremos –, teremos de começar pelas raízes, isto é, pela educação desde o berço, na qual a Mulher tem um papel primordial. Importa recordar que EDUCAR, etimologicamente, significa “conduzir para fora” (ex ducere), ou seja, trazer para fora (maiêutica) tudo de bom que a nossa alma encerra e isso é a verdade, a bondade, a generosidade e o altruísmo.

in Eduardo Amarante, "Templários", Vol 4.



OS TEMPLÁRIOS SOBREVIVERAM NA ORDEM DE CRISTO

Pela bula Ad ea exquibus cultus augeatur divinus… o papa João XXII proclama em Avinhão, a 14 de Março de 1319, o estabelecimento de uma nova Ordem de cavalaria, a Ordem da Milícia de Jesus Cristo, que viria a suceder à extinta Ordem do Templo. Entre os inúmeros pontos da extensa bula cabe destacar o seguinte: “Outorgava, doava, unia, incorporava, anexava e aplicava para todo o sempre à dita Ordem de Jesus Cristo: Tomar, Castelo Branco, Almourol e todos os outros castelos, fortalezas e outros bens móveis e de raiz, homens, etc., etc., que a Ordem do Templo tinha e havia e devia ter nos ditos reinos de Portugal e Algarves”. Trata-se da demonstração inequívoca de que esta nova Ordem de cavalaria era a continuação evidente da Ordem do Templo!

in Eduardo Amarante, "Templários", Vol. 4.


O REGRESSUS AD UTERUM E O NOVO NASCIMENTO

Estácio da Veiga cita que em Torre de Frades, Algarve, “o sistema de enterramento em tão apertado espaço, tendo sido o da inumação, só pode conceber-se que tivesse podido efectuar-se com os cadáveres dobrados pelas articulações dos fémures e encostados em torno do espaço escavado”. 

Vestígios destes ritos fúnebres de significado mágico-religioso, encontram-se em inúmeras sepulturas neolíticas onde havia o costume de lançar no túmulo uma pedra arredondada por cada um dos assistentes ao enterro. Hoje em dia ainda se mantém a tradição de se lançar um punhado de terra no acto da inumação do cadáver. Este costume, de traços acentuadamente “pagãos”, simboliza o grão que, semeado na Terra-Mãe, é por ela recoberto a fim de, nas suas entranhas, dar início ao processo de gestação que culminará num novo nascimento. Está, portanto, presente a ideia do re-nascer de acordo com os próprios ciclos da Natureza. Ideia essa mais viva em inúmeras culturas tradicionais que, como acabámos de ver, inumavam o cadáver em posição de cócoras ou fetal, representado ritualmente o regressus ad uterum. 

 In “Universo Mágico e Simbólico de Portugal”, Eduardo Amarante 

 ************

 Descoberta sepultura com 8 mil anos em escavações em Alcácer do Sal, com esqueletos em posição fetal, símbolo do renascimento! “Uma sepultura com cerca de 8000 anos foi descoberta por uma equipa da Universidade de Lisboa e da Universidade de Cantábria no sítio arqueológico das Poças de S. Bento, em Alcácer do Sal. A Universidade de Lisboa indica num comunicado que a sepultura do Mesolítico foi "identificada esta semana" e "parece corresponder a uma mulher jovem, depositada sobre as costas, com as pernas fortemente flectidas". "Esta descoberta permitirá obter informação detalhada acerca do comportamento funerário destes grupos, das suas actividades rituais", adianta. A universidade informa ainda que o esqueleto humano, em "bom estado de conservação", será alvo de análises em laboratório, de ADN, dos "isótopos estáveis de carbono e nitrogénio presentes nos ossos", de "datação de Carbono 14" e de estudos paleopatológicos. "As análises serão realizadas, na sua maior parte, nos laboratórios das Universidades da Cantábria, de Oxford e de Lisboa, e no Instituto Max-Planck, de Leipzig", indica. As escavações que permitiram a localização da sepultura são dirigidas pelos professores Mariana Diniz, da Universidade de Lisboa, e Pablo Arias, da Universidade da Cantábria. Os trabalhos inserem-se no projecto SADO-MESO, "orientado para a revisão sistemática do Mesolítico e Neolítico do vale do Sado".” Lusa/SOL




TER ORGULHO NO NOSSO PASSADO HISTÓRICO

"Não podemos, não devemos e não temos razão para não nos orgulharmos do nosso passado e ganhar, assim, alento e ânimo para o futuro que nos espera: a realização da missão de que somos herdeiros. Portugal ou a Lusitânia refundada não nasceu fruto do acaso.
Não temos de ter complexos e menos ainda vergonha de termos sido grandes e, sobretudo, não nos culpabilizem de termos tido líderes, homens de escol, que tão sabiamente souberam dirigir os destinos do país. E, neste caso, o futuro será o melhor juiz.
Que fazer para viabilizar a reconstrução de um país quando todos os esforços se disseminam, uns na indiferença, outros na separatividade (apesar de se falar tanto de globalização), na luta entre facções, em vez de convergirem num só sentido, num sentimento de unidade e afirmação do país face a outros que desejam ser os senhores do mundo?
A resposta não é fácil porque, se há coisa que trava essa reconstrução, é a doença de que padecemos: a perda progressiva da identidade. Não obstante, todos nós temos uma identidade que nos é dada no acto de nascer e, na medida do possível, somos livres de mudá-la quando quisermos.
Quando um homem se identifica com o seu passado histórico e com a herança dos seus predecessores sabe bem que é em momentos de profunda crise que deve afirmar a sua história e, nesse instante, ele torna-se uma parte da encarnação histórica da sua pátria e consegue, assim, religar o elo perdido, não rompendo, desse modo, a cadeia ancestral.
Na nossa história, e à semelhança da história das outras nações, é na adversidade que se forjam os verdadeiros homens e mulheres capazes de identificar o seu destino com a cultura do seu povo, do seu país." - Eduardo Amarante

in "PORTUGAL - A MISSÃO QUE FALTA CUMPRIR"


BONS E MAUS GOVERNANTES

Conta-se que um dia em que o Inca Pachacutec, acompanhado pela sua corte, percorria o Império deparou-se no caminho com um aguará (espécie de raposa grande, inofensiva, existente na América do Sul) que estava preso na lama. As pessoas que por ali passavam batiam-lhe ou atiravam-lhe pedras, amedrontando o animal, que acabou por ficar enlouquecido devido aos maus tratos que lhe infligiam.
Pachacutec, ao vê-lo, desceu da liteira em que viajava, aproximou-se do aguará, tirou-o da lama e aconchegou-o nos seus braços. Assustado, o primeiro impulso do animal foi morder o Inca. Logo surgiu a guarda imperial que se preparou para matar de imediato o animal. Mas Pachacutec, com um sinal firme, impediu-a que o fizesse. Continuou a acariciar o animal até que este adormeceu nos seus braços. Aí, então, Pachacutec proferiu o seguinte ensinamento:
“Este aguará é como os povos quando são torturados e flagelados por maus governantes. Se depois vem um bom governo, o povo, julgando que é igual ao anterior, vira-se e morde a mão daquele que lhe faz bem. Não se deve reagir dizendo: ‘este povo é mau’; pelo contrário, há que continuar a fazer-lhe o bem até que ele se convença que mudou de amo.”
in "O Império do Sol - Breve História dos Incas", Eduardo Amarante


SIGNIFICADO SIMBÓLICO DO TOURO E DO JAVALI NA LUSITÂNIA


O facto de se ter encontrado no Promontório Sagrado figuras em bronze de touro e javali, com a particularidade de haver dados suficientes para se poder afirmar, como demonstra Leite de Vasconcelos, que estes animais faziam parte dos cultos religiosos, é mais um indício, assaz relevante, quanto à sacralidade do lugar.
Símbolo da força criadora, o touro é o animal consagrado ao deus EL (Kronos?). Nos cultos mithríacos ele está associado à iniciação pelo baptismo de sangue. Para Jung, o sacrifício do touro “representa o desejo de uma vida espiritual que permitiria ao homem triunfar sobre as suas paixões animais primitivas e que, após uma cerimónia de iniciação, dar-lhe-ia a paz.” Esta interpretação é análoga ao significado simbólico do Minotauro morto por Teseu no centro do labirinto.
Quanto ao javali, ele representa a autoridade espiritual, e é um símbolo da casta sacerdotal, ao contrário de Artos, o urso, emblema do poder temporal. É o animal consagrado a Lug, na Gália, e a Endovélico, na Lusitânia. A esta divindade está associado o lobo ou cão psicopômpico, portanto com uma função iniciática e solar, pois considerava-se este animal pelo seu poder de ver nas trevas, como aliás Anubis no Egipto ou o cão Xolotl no México pré-colombiano.
O lobo também estava associado a Apolo, o deus-Sol que presidia aos mistérios de Delfos, como podemos ver pela relação existente entre lukos = lobo e luke = luz.
Para certos investigadores, o nome epónimo e mítico Lusus estaria directamente relacionado com a Luz espiritual e teria perdurado no tempo como uma recordação daquele imenso saber outrora acumulado no Ocidente e transplantado posteriormente para Luksor, no Egipto.
in "UNIVERSO MÁGICO E SIMBÓLICO DE PORTUGAL", Eduardo Amarante

A DINASTIA DE AVIS E A RELIGIÃO DO QUINTO IMPÉRIO

A Dinastia de Avis – segundo o cronista Fernão Lopes –, professava a religião do Quinto Império, ou Império do Espírito Santo, “na ascensão da letra dos Evangelhos e dos Actos dos Apóstolos para o Espírito que os transcende.”
A expansão portuguesa, primeiro para o norte de África, e depois para o Sul e Oriente tinha em vista uma aproximação de culturas e religiões numa base ecuménica de tolerância e respeito mútuos. Prova disso é o facto histórico de, após a conquista de Tânger por D. Afonso V, ter sido a mesquita local consagrada ao Espírito Santo, numa inequívoca demonstração de reconciliação ecuménica, uma vez que o Espírito sopra em todas as religiões.
in "Templários", vol. 4, Eduardo Amarante