SAGRES, A ESCOLA DA CRUZADA MARÍTIMA


"O cabo de S. Vicente/Sagres tornou-se o refúgio do Infante, e uma casa modesta na aldeia da Raposeira, a pouca distância dali, era o local aonde se dirigia para estudar e meditar.

Heródoto, há mais de dois mil anos, escreveu que:

“O mar para além das colunas de Hércules que se chama o Atlântico, e o Eritreu são todos um e o mesmo mar… Quanto à Líbia, sabemos que é banhada por todos os lados pelo mar, excepto naquele em que liga à Ásia.”

Foi de Sagres que partiram as primeiras naus dos Descobrimentos. Não terá aí existido uma Escola de navegação no seu sentido mais científico, mas antes um centro de reunião onde se estudava matemática, geografia, astronomia e ciências naturais. Aí eram estudados e analisados todos os conhecimentos e informações que se mostrassem proveitosos para a prossecução das viagens marítimas. Por outro lado, as experiências colhidas nas diversas fases da navegação marítima, bem como as explorações efectuadas no interior das terras africanas onde se descobriram novas condições de vida e uma flora e fauna exóticas, eram observadas cientificamente em Sagres. Também foi ali que existiu o primeiro observatório astronómico português.

O Infante faleceu em Novembro de 1460, não chegando a assistir ao triunfo da sua cruzada. Porém, anteviu como Portugal se iria tornar a maior potência marítima do Globo. Entre o lançamento oficial da epopeia marítima e a realização plena do objectivo decorreriam oitenta anos. Só em 1498 é que o cavaleiro-iniciado Vasco da Gama conseguiria chegar por via marítima à Índia." 



in Eduardo Amarante, "TEMPLÁRIOS", Vol. 3 - A perseguição e a política de sigilo de Portugal: A missão marítima