A SAGRAÇÃO DO REI
De acordo com a Tradição universal, a humanidade nos seus primórdios foi directamente governada pelos Deuses, seres de uma grande evolução espiritual, que a iniciaram nos mistérios da Natureza por intermédio dos seus representantes mais desenvolvidos no plano de consciência. Entre tantas outras coisas ensinaram como se desenrola o mistério da Criação através do princípio da emanação que procede de uma Fonte única, soberana, e que se manifesta na Natureza sob chave séptupla. Legaram-lhe, assim, o conhecimento do princípio piramidal, séptuplo, pelo qual se rege o Universo. O Estado configura, portanto, uma pirâmide de acordo com a lei de analogia, cujo vértice simboliza o Pontifex, soberano único, intermediário entre o visível e o invisível, o físico e o metafísico, o Céu e a Terra.
Deste modo, sempre que a Tradição se mantém viva, o Estado é uma MONARQUIA-TEOCRÁTICA em que o Rei, ungido de Deus, receptáculo e veículo do divino, assegura na Terra, por analogia com o Alto, a ordem e a prosperidade, quer no plano material como espiritual. O Rei, em latim Rex , é o CENTRO em torno do qual gira a vida nas suas múltiplas expressões. É o “motor oculto” de que procede a corrente de energia vital que chega a todos sem distinção, assegurando a vida e o vigor da sociedade. É o símbolo terrestre do Sol-central, imóvel, à volta do qual gira e evolui toda a vida planetária. “Centro-regulador, o Rei-Sacerdote faz a ligação entre todos os homens do seu país. Toda a gente deve poder reconhecer-se no Rei. É por isso que o Rei integra ao mesmo tempo a função do agricultor, do artesão, do guerreiro e do sacerdote. Todas as camadas da população devem poder ver nele o modelo acabado das suas próprias vias de desenvolvimento. É a faculdade de ser reconhecido como fazendo parte de todas as castas e de possuir todas as qualificações que faz deste homem o CENTRO-TOPO da sociedade.”
in Eduardo Amarante, “Universo Mágico e Simbólico de Portugal”