A história de Portugal não se inicia com a dinastia
de Borgonha, mas, antes, nas suas raízes profundas e longínquas. Quando surgiu
D. Afonso Henriques, a gestação de Portugal vinha já de muito longe e despontou
no sangue dos descendentes heróicos dos lusitanos ciosos da sua identidade e
independência.
O Estado
autónomo que sucedeu à Reconquista cristã estava em germe desde a antiga
Lusitânia. Portugal nasceu tanto pela vontade de D. Afonso Henriques e dos
barões portucalenses, como pela visão política de S. Bernardo e pela acção
militar dos cavaleiros templários, sem esquecer as “obscuras cristandades moçárabes em que o génio da raça se perpetuou
iluminadamente”, com uma missão civilizadora e universalista.
O QUINTO IMPÉRIO
Um dos
aspectos da perduração da independência de Portugal é um certo sentimento de
isolamento. O nosso país tem sido, ao longo dos tempos, como que uma ilha
rodeada, de um lado por Castela, que sempre funcionou como uma espécie de
deserto isolador, e do outro pelo Atlântico. Desta forma, o português,
experimentando como que um sentimento de ilhéu, tem oscilado entre a aventura
no exterior e a passividade cá dentro. Por vezes também vive a aventura pela
imaginação.
Não há
dúvida de que o português foi talhado para as grandes causas e o gene luso
encontra a sua expressão mais autêntica na aventura de carácter universalista
que se estende muito para além das fronteiras da Europa. O torrão lusitano
atrofia-o e a Europa é demasiado pequena para ele. Por isso, é grande nas
grandes descobertas e, nos tempos actuais, estas traduzem-se no conceito de
Quinto Império, que é a terceira parte da missão iniciada pelos templários e
que ainda falta cumprir. Este Quinto Império significa, antes de mais, a
prevalência:
· Do Espírito sobre a Matéria;
· Da individualidade consciente sobre a massificação;
· Da identidade própria sobre a globalização;
· Do respeito sobre a anarquia;
· Da liberdade de expressão e de pensamento sobre a intolerância redutora.
No poema Infante, Fernando Pessoa escreve:
“... Deus quis que
a Terra fosse uma / que o mar unisse já não separasse…”
O homem português, respondendo a um impulso
missionário e a um cíclico e imperioso apelo da História, lançou-se no
empreendimento marítimo como súbdito do Quinto Império.
Os
historiadores e intelectuais do século XVII, como o padre António Vieira,
acharam o fundamento da independência de Portugal na palavra de Deus e o mito
do Quinto Império na sua projecção futura.
O Quinto Império tem uma única finalidade: o ideal
da união fraterna e espiritual entre todos os homens da Terra,
independentemente da raça e do credo, para a construção de um mundo novo e
melhor.
Ser Português é um estado de alma atávico,
impregnado profundamente no inconsciente colectivo. Não, não é para quem quer;
é para quem ama e se identifica com Portugal, a sua terra, a sua energia
telúrica, as suas raízes, as suas tradições e a sua história. Não é para todos
os que nascem em Portugal!
In Eduardo Amarante, “Templários”, vol. 3