A LENDA DO IMPERADOR ADORMECIDO


Ao aproximar-se o Ano Mil, com o caos reinante numa Europa submersa na pobreza e na ignorância, surge a lenda do imperador adormecido, como reminiscência de outras épocas mais luminosas:

“O imperador Otão III (983-1002) foi prevenido em sonhos de que devia exumar o corpo do imperador Carlos Magno. Sabia-se que o corpo repousava em Aix-la-Chapelle, sem se poder precisar exactamente onde. Após três dias de jejum, os pesquisadores partiram para a sua busca. Descobriram o corpo de Carlos Magno, como Otão tinha sonhado, numa cripta abobadada, sob a Basílica de Santa Maria.


A exumação de Carlos Magno por Otão inflamou as imaginações. Dizia-se que Carlos Magno tinha sido descoberto com o ceptro na mão e o Evangelho sobre os joelhos, que estava apenas adormecido e que acordaria um dia para reinar sobre a Europa, como tinham anunciado os profetas. Após a morte de Frederico II (1250), a lenda foi alterada em seu benefício (*).

“O imperador prometido dorme no seio de uma gruta da Turíngia.”

Frederico II de Hohenstaufen (1194-1250), imperador da Alemanha, rei dos Romanos, rei da Sicília, rei de Jerusalém foi um inimigo irredutível dos papas. A sua procura da chave do conhecimento oculto levou-o a ser iniciado no sufismo islâmico e nos mistérios templários em S. João d’Acre no ano de 1228. Aí, foi escolhido pelos cavaleiros templários e teutónicos para ser o Imperador do Mundo. O plano, no entanto, fracassou com o ataque da Igreja aos Templários e a instauração da Inquisição. O castelo octogonal de Castel del Monte, na Sicília, que deveria ser a sede do novo império, testemunha esse fracasso.

(*) Na realidade, o mito do Imperador rodeado pelos seus cem cavaleiros, que despertarão quando for a hora para repor a justiça e a paz no mundo, é antiquíssimo e universal. Só a título de exemplo, temos na Bretanha o mito do Rei Artur e, em Portugal, o mito sebastianista, em que D. Sebastião, no papel de Avatar, virá montado sobre um cavalo branco, como o Kalkî Avatar dos textos sagrados da Índia.

in "PROFECIAS - Da Interpretação do Fim do Mundo à Vinda do Anticristo", Eduardo Amarante