Nas últimas fases da Atlântida, a
religião natural ou sabedoria arcaica dividiu-se em dois caminhos: o da direita
(magia branca) e o da esquerda (magia negra, sinistra[1]) que,
desde então, vêm repartindo entre si o domínio do mundo, inspirando as mais
heróicas epopeias, cuja tema central é sempre a luta entre o bem e o mal, a luz
e as trevas.
Os seguidores da magia negra, caminho de perdição sob o ponto de vista
kármico, instituíram um colégio sacerdotal com o único objectivo de aplicar a
sabedoria primitiva em benefício dos seus particulares egoísmos, escravizando
os povos menos instruídos que os seguiam, com as falsas promessas e o engodo
próprios dos “lobos vestidos com pele de ovelha”. Como resposta, os iniciados da
mão direita tornaram aquele saber e
aquelas verdades cada vez mais esotéricas e secretas, criando assim os
mistérios. Desde aquela remota época que as posições ficaram definidas: uns dividem para reinar, enquanto outros unem para resistir[2]. Esta
resistência expressa-se pela fraternidade universal, proclamada por todos os
Mestres da humanidade como Melquisedec, Rama, Krishna, Zoroastro, Hermes,
Orfeu, Buddha, Odin, Jesus Cristo, etc.
Foi então que os magos brancos, partidários da religião-sabedoria
primitiva, refugiaram-se durante longos séculos no extremo mais ocidental do
mundo e último resto da Atlântida desaparecida. Ali, custodiados pelo Dragão de
Sabedoria, conservavam-se os “pomos de ouro que davam, tal Graal, a ciência, o
elixir da longa vida e a eterna juventude, simbolizando a árvore e o fruto da
ciência do bem e do mal, as maçãs de Eva e da nórdica Freya. Esse fruto, como
tudo nesta natureza dual, tanto dá o conhecimento e a eterna juventude, como
também pode dar a morte, caso seja empregue a perversidade nigromante dos que
egoistamente actuam em benefício próprio contra os supremos interesses da
humanidade…
Eduardo Amarante, in "Profecias -
da interpretação do Fim do Mundo à vinda do Anticristo"
[2] Todos aqueles que procuram dividir, manipulando a informação, semeando a
intriga e a mentira, caluniando, fomentando a discórdia, são servos do mal,
ainda que por vezes inconscientemente. Recordemos o significado da palavra diabo e veremos que todos os que
procuram a separatividade estão a
servi-lo, encontrando-se sob a sua esfera de influência. Pelo contrário, todos
os que procuram a união, servindo-se do amor, da compreensão, da tolerância,
empregando a verdade e sendo solidários com os outros, são servos do bem, ainda
que por vezes não se dêem conta disso. Lembremo-nos do significado da palavra
religião e veremos que todos os que procuram a união estão bem consigo próprios
e com os outros e estão ao serviço do Bem e da Verdade, que é Deus. Diabo (do latim diabolus, por
sua vez do grego antigo διάβολος,
“aquele que separa”); Religião (do latim religio,
re-ligar, ligar de novo, e Yôga, do sânscrito yug, laço, união).