OS PRIMEIROS CRISTÃOS E A CRENÇA NA REENCARNAÇÃO



“Os gnósticos ensinavam que a peregrinação da alma humana pela matéria processava-se ao longo de repetidas vidas na Terra (doutrina da reencarnação), através das quais o homem se vai aproximando lentamente da sua meta que é a redenção final. Daqui se depreende que é correcto falar-se de que houve uma escola secreta, na qual os mistérios de Jesus e as verdades mais profundas eram ensinados, e onde os mestres gnósticos terão sido iniciados. Aliás, verificamos que no Evangelho de S. João, 9, 1-2, lê-se o seguinte: ‘E, passando Jesus, viu um homem, cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: ‘Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?’” 
É evidente o sentido desta frase, porque se os seus discípulos pensavam que esse homem poderia ter pecado antes de nascer, é porque acreditavam na reencarnação e na lei de causa e efeito, isto é, do karma. Aliás, os padres gregos da Igreja acreditavam nas existências sucessivas e S. Jerónimo afirmou mesmo que esta doutrina foi durante muito tempo ensinada na Igreja.


O imperador bizantino Justiniano, no ano 533 d.C., convocou o segundo sínodo de Constantinopla, onde fez publicar um édito que suprimiu a doutrina da reencarnação, embora Jesus e os cristãos primitivos a defendessem. Após este decreto, tudo o que fizesse alusão à reencarnação desapareceu da Bíblia, à excepção de algumas indicações e parábolas de difícil interpretação. Foi assim que os primeiros cristãos se viram privados do fundamento mais importante da sua religião. Para compensar, o clero passou a ensinar a ressurreição da carne no dia do Juízo Final! 
O Novo Testamento foi profundamente alterado – tanto na sua concepção como em relação ao ensinamento original de Jesus – no concílio de Constantinopla, mas também no concílio de Niceia, em 325 d.C.” 

Eduardo Amarante, “Templários” Vol. 1